segunda-feira, 23 de junho de 2008

A INVASÃO SILENCIOSA

Algumas famílias camocinenses convivem diariamente com a droga em suas casas, o ócio incentiva, os falsos amigos também, a aparente tranqüilidade de cidade do interior ajuda, famílias humildes e trabalhadoras lutam contra o vício da droga, que se instala aos poucos e domina geralmente o adolescente da casa, as etapas que se seguem são terríveis e o descontrole passa a ser total, perdem suas poucas posses, móveis, geladeiras, televisão, tudo que possa ser negociado por droga começa a sumir de casa, sem prevenção, sem políticas públicas voltadas pro câncer que se transformou o vício da droga, famílias inteiras são dilaceradas psicologicamente e financeiramente. Camocim não conta com nenhuma clínica de recuperação, seja particular ou pública, o presídio está lotado de usuários, que movidos pela droga transgridem as leis praticando pequenos furtos ou ameaçando pessoas, o dia seguinte desse usuário é se perguntar o que fez, mas daí já é tarde porque ele já está fichado e recolhido, lá ele encontra dois caminhos, o do arrependimento e finalmente a percepção que a droga foi a responsável pelos atos por ele praticados ou o segundo caminho, o mergulho profundo nesse buraco negro já que ele não encontra a ajuda necessária para voltar ao mundo real, ele passa a ser tratado como estatística apenas, será mais um número entre milhares de fichas e processos que abarrotam as prateleiras do judiciário, será matéria prima pro ganha pão de algum advogado e alvo dos pedidos de orações da mãe desolada e do pai desesperado. Como se isso não bastasse, agora são algumas famílias de classe alta de nossa cidade que estão tendo essa dolorosa experiência, com poder aquisitivo maior o produto muda, o famigerado crack chegou a Camocim, a cocaína e drogas sintéticas também, o público alvo é o jovem da balada, que repassa a informação pro amigo e o amigo do amigo diz pra outro amigo e assim se forma os clientes do traficante, que enche o bolso de grana e incentiva a venda criando “franquias” de seu negócio, a hipocrisia reina na cidade quando o assunto é consumo de drogas, famílias preferem o anonimato, outras não têm conhecimento do que está havendo com seus filhos e muitas não admitem existir o problema. Nessa dor todos se igualam, pobres e ricos, a dor não tem cor, religião, saldo bancário, a dor de uma mãe não se mede, só ela sabe, ninguém queira avaliar, será em vão. Pela ordem natural da vida, os filhos enterram seus pais, a droga reverteu isso, até quando veremos pais enterrando seus filhos, que vencidos pelo vício tombaram precocemente?

Postado por Tadeu Nogueira