quarta-feira, 24 de setembro de 2008

TODOS (ou quase todos) PELA DEMOCRACIA

O patriotismo é um nobre sentimento que é aflorado sempre que as pessoas sentem necessidade de defender sua terra, seus ideais, de defender os interesses da coletividade. Por extrema felicidade, nossa nação há muito tempo não tem se envolvido em conflitos bélicos com outros países, nem tampouco vive em profundo temor por conta de possíveis riscos de atentados de nações fundamentalistas – apesar de termos nossa guerra urbana nas grandes cidades (favelas). Assim resta aos brasileiros torcer pelo sucesso esportivo brasileiro (o que não ocorre em larga escala como temos gerado expectativa, influenciados que somos pela mídia) ou a cada dois anos revelar seu lado mais patriótico e corporativista com a manifestação legítima no processo de escolha de nossos representantes. Pela proximidade de contato com o eleitorado, as eleições municipais, que ocorrem a cada quatro anos, despertam uma paixão maior por parte de correligionários e simpatizantes dos grupos políticos e candidatos concorrentes ao paraíso da edilícia e ao cobiçado cargo de alcaide municipal.
Nesse ínterim pipocam quase que diariamente nesse período eleitoral as famosas “caminhadas”, que arrastam pelas ruas de nossa sede municipal milhares de pessoas (alguns eleitores, outros não) tomadas pelo espírito patriota de defesa de nossa terra, de nosso torrão natal. Que maravilha!
Posso estar sendo audacioso, sagaz ou, até mesmo, malicioso, mas algo me diz que essas grandes caminhadas não tem nada de espírito patriótico. Como o tempo é dono da razão deverei ter minha tese provada (positiva ou negativamente) em pouco tempo. Vamos à tese: Se o povo agora se reúne para acompanhar o movimento político-partidário de candidato A ou B, em massa, com imensa e indiscutível participação popular, mesmo em horários inconvenientes ou nos parcos horários e dias de folga, convido-os a se mobilizarem no ano vindouro para exigir dos governantes uma melhor correção salarial, um atendimento médico-hospitalar de melhor qualidade, uma educação mais eficiente, um orçamento mais participativo, uma melhor definição das prioridades de investimentos, ou qualquer outra carência de interesse social.
Como seria bonito e patriótico esses movimentos, todas as vezes que fosse detectada uma carência urgente de ser resolvida em nosso município, e como o gestor poderia negar os pleitos requeridos por participação popular tão intensa. Seria assinar sua sentença de morte política contrariar os desejos da coletividade. Convido-os novamente à mobilização no período pós-eleitoral. Mas algo me diz que a grande maioria que participa desses movimentos “democráticos”, lá estão por meros interesses pessoais, desprovidos do interesse coletivo. Por conta disso de modo voluntário, algumas pessoas se afastaram – inclusive eu – da participação nesses momentos de manifestação popular. Mas faço questão de ressaltar que farei parte do pelotão de frente na mobilização que os convidei a refletir nesse texto. Espero que o tempo contrarie minha tese e eu tenha que admitir minha falha de pensamento, apesar de honestamente, não acreditar que isso venha a ocorrer.
Postado por José Maurício Sobrinho Coêlho
Mestrando em Ciência da Motricidade Humana