
O clima de rivalidade foi intenso ontem em vários municípios da região Norte. Em Camocim, o prefeito e candidato à reeleição Chico Vaulino se envolveu em um caso de agressão com uma eleitora. Em Barroquinha, o candidato Jaime Veras tentou renunciar, mas não obteve êxito, o que deixou os ânimos ainda mais exaltados na cidade, a ponto do Ministério Público ordenar o fechamento de comitês localizados na sede do Município.Na noite de sábado, Veras entrou com um pedido de renúncia de candidatura junto ao Cartório Eleitoral, mas não teve seu pedido apreciado pelo juiz Fernando Vicente. Segundo a juíza auxiliar, Ricci Lobo de Figueiredo, o candidato, anteriormente, teve seu nome impugnado e, por conta disso, ele havia entrado com um recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo o direito de concorrer à eleição. Esse recurso fez com que o juiz eleitoral achasse por bem encaminhar a renúncia do candidato para ser avaliada pelo próprio TSE.Esse fato pode vir a prejudicar o pleito na cidade, já que, conforme o promotor de Justiça que estava fiscalizando a eleição no município, Ricardo Rocha, o candidato perdedor poderá entrar com um pedido de anulação do resultado.Para os correligionários, porém, o que interessa é a vitória e para muitos ela seria alcançada na base do grito, insulto e até mesmo da violência. Durante a votação, o clima foi tenso em Barroquinha. A rivalidade partidária no município é histórica e fez com que a juíza eleitoral pedisse reforço policial para o local. Também como medida de segurança, o promotor de Justiça ordenou o fechamento dos comitês dos dois partidos no Centro da cidade e também no distrito de Bitupitá. Ele mesmo, acompanhado da juíza eleitoral foram na sede dos comitês pedir a dispersão da população e abrandar a multidão. Policiais conseguiram dispersar os eleitores.Em Acaraú, a votação também transcorreu em clima de tensão. Muitos eleitores trocaram agressões verbais e juras de morte entre si, mas não chegaram às vias de fato. No entanto, apenas um caso deu entrada na delegacia. O agricultor Arieldo Ferreira dos Santos, de 21 anos, foi preso em flagrante por fraude, quando tentava votar com o título de eleitor do irmão dele, Francisco Márcio do Nascimento.Já em Martinópole, durante a manhã, um ônibus de uma empresa de turismo que transportava eleitores de forma irregular foi apreendido pela Justiça Eleitoral.RivalidadeNo município de Granja, ao contrário do que se esperava, a eleição transcorreu dentro da normalidade. Os candidatos Esmerino Arruda (PSDB) e Romeu Aldigueri (PPS) se encontraram na Escola Eliezer Arruda, no distrito de Parazinho. Apesar de serem tio e sobrinho, os dois não chegaram nem a se cumprimentar.Em Camocim, a passionalidade de eleitores e candidatos foi ao extremo. A eleitora Margareth Sousa Braga alegou ter sido agredida com uma tapa na face pelo candidato Chico Vaulino. O fato aconteceu durante a visita do candidato a um local de votação ainda pela manhã. A eleitora registrou queixa na delegacia local.Segundo o delegado da Polícia Civil, Airton José da Silva, as partes foram ouvidas e o caso será levado à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ). Por volta das 18h30, a pesquisa de boca de urna já apontava a reeleição do prefeito Chico Vaulino. Nas ruas da cidade, especialmente na Avenida Beira-Mar, a população já comemorava o resultado favorável, com fogos, bandeiras e apitaços. No município de Tianguá, os eleitores comemoraram mais cedo a vitória da candidata Natália FélixTianguá. Com 53,98% do total de votos apurados, a candidata Natália Félix Frota foi considerada matematicamente eleita nesse município, numa apuração encerrada às 20h15. Ela contou com o apoio do atual prefeito de Tianguá e seu namorado, Luiz Menezes. O resultado confirmou as pesquisas de opinião realizadas antes do pleito. A contagem dos votos começou por volta de 17h30, no Fórum do município.O dia de votação na Ibiapaba foi considerado tranqüilo pelo coordenador da Operação Eleições na Serra Grande, tenente-coronel Paulo Simões, responsável pelo esquema de policiamento da área. “Foi mais tranqüilo do que imaginávamos. O nosso esquema de policiamento funcionou bem, apesar do pequeno efetivo”, ressaltou.A maior parte das ocorrências envolveram fiscais dos partidos nas seções de votação. Muitas delas, segundo o juiz eleitoral da 81ª Zona, Péricles Victor Galvão de Oliveira, de denúncias que classificou como “folclore”. “Isso é típico de eleição. Sempre aparece alguém para dizer que em tal seção as urnas mostram a foto de apenas um dos candidatos ou que o sistema já veio com votos computados”, declarou. “Fiscais do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) estão presentes em todas as seções e todos os casos são acompanhados de perto”.No Colégio Mariana, em Tianguá, houve um princípio de tumulto. Fiscais dos dois candidatos que disputam a prefeitura do município foram retirados do local por não estarem utilizando os crachás de identificação dentro das especificações determinadas pela Justiça. A Polícia precisou ser acionada para conter os ânimos. Noutro local de votação, uma urna precisou ser substituída por conta de uma falha na bateria.
Repórteres: Naiana Rodrigues e Filipe PalácioFoto: Silvana Tarelho