sábado, 10 de janeiro de 2009

POR DENTRO DA REPORTAGEM

A reportagem sobre o Pontal das Almas e Santa Adelaide foi marcada por alguns percalços. Um deles foi o nível da maré. Chegamos a Bitupitá por volta das 10h do sábado passado (3), já avisados que só poderíamos continuar a viagem até o Pontal quando a maré baixasse, ou seja, entre meio-dia e começo da tarde. Como a garçonete do Restaurante Leste Mar teimava em desfilar com bandejas e mais bandejas de peixe frito, peixada ao molho e outras delícias do mar, decidimos almoçar antes de cair na trilha. Após tirarmos a barriga da miséria, nosso cinegrafista, motorista, pastor, psicólogo e sonegador de impostos, Ivan Fox, baixou o pé na viatura e cortou a trilha, revelando após 5Km que o paraíso está na Terra: uma paisagem linda, com mar espelhado pelo sol e raios espalhados atlântico afora. Nessa ida corremos um sério risco de vida, é que Ivan precisou fazer uma tomada de cima da carroceria do carro e Tereza, a repórter, pegou a direção. Confesso que tentei deixar um bilhete de despedida para meus parentes e aderentes, mas a trepidação infernal e as manobras radicais de nossa "motorista" impossibilitaram até isso. Lembro-me bem de ter rezado um terço nos 5 minutos de Tereza na direção, além de ter faltado nome de santo para pedir proteção (brincadeira, viu, Tereza? Você dirige muito bem). Bom, perigos à parte, o Pontal transmite tanta paz que você parece se transportar para outra dimensão. O silêncio é ensurdecedor e o mar, meu Deus, das coisas feita por Deus na Terra, digo sem sombra de dúvidas que o mar é o que há de mais belo, derramando um misto de paz, vida e esperança. Na volta Tereza fez uma promessa com a Santa Adelaide, o pedido não falo nem sob tortura vietnamita, Ivan voltou pisando no chassi do carro e eu vinha sacolejando feito cachorro de mudança. Mas cá entre nós, o objetivo final de tudo isso fez compensar toda e qualquer dificuldade, afinal, transmitir através de imagens e palavras, tudo que significa a beleza do Pontal e a fé das pessoas, além de ser a função do jornalismo, é algo que nos enriquece como ser humano.
Postado por Tadeu Nogueira
Fotos: Tadeu Nogueira