Cada cena é uma pintura. Cada diálogo é uma poesia. A luz mágica do diretor de fotografia Walter Carvalho e a direção fluente de Walter Salles (a mesma dupla de Central do Brasil) convidam a platéia a embarcar num tempo e numa geografia perdidos em algum lugar no sertão nordestino. Horizontes amplos. Diálogos longamente meditados. Abril Despedaçado tem uma estética própria, reflexiva, há anos luz de distância da era dos videoclipes. Entrar numa sala escura de cinema para apreciá-lo é como embarcar num Túnel do Tempo sensorial.
Abril Despedaçado narra a luta entre duas famílias, no interior nordestino, nos primeiros anos do século 20. É uma guerra aberta, repleta de normas que soam ridículas aos ouvidos modernos, mas que foram exaustivamente pesquisadas antes de serem colocadas no roteiro. Em nome da terra, eles se digladiam, se assassinam mutua e lentamente, geração após geração. A morte de um vale, por direito, a morte do outro, como num jogo de cartas marcadas onde não haverá vencedores. Há tréguas combinadas e braçadeiras negras que marcam a próxima vítima. Há a estúpida justificativa do assassinato pela honra e a cruel determinação de quem deve morrer, e quando. É o "olho por olho que cega o mundo" ao qual se referia Mahathma Gandhi.
Postado por Fabiano Veras
Abril Despedaçado narra a luta entre duas famílias, no interior nordestino, nos primeiros anos do século 20. É uma guerra aberta, repleta de normas que soam ridículas aos ouvidos modernos, mas que foram exaustivamente pesquisadas antes de serem colocadas no roteiro. Em nome da terra, eles se digladiam, se assassinam mutua e lentamente, geração após geração. A morte de um vale, por direito, a morte do outro, como num jogo de cartas marcadas onde não haverá vencedores. Há tréguas combinadas e braçadeiras negras que marcam a próxima vítima. Há a estúpida justificativa do assassinato pela honra e a cruel determinação de quem deve morrer, e quando. É o "olho por olho que cega o mundo" ao qual se referia Mahathma Gandhi.
Postado por Fabiano Veras