Bitupitá é um pedaço de Barroquinha que ainda mantém modos de paraíso. O lugar tem até uma santa, conterrânea de Jesus Cristo, que morou muito tempo, fez nome por lá. Agora, atribuem a ela até graças alcançadas.
Adelaide Elias Tahim nasceu em Belém, na Palestina. É a santinha que preserva e revigora Bitupitá, afirmam os moradores. Era Milade, mas chamaram sempre de Adelaide. Em 2009, fez 80 anos de sua morte. Veio com o marido, Demétrio, não se sabe ao certo como e por quê. Lugar ermo e tão distante. Se hoje é difícil chegar, imagine no começo do século passado. Antes teriam morado perto de Fortaleza. Eram comerciantes e caridosos. Além das vendas e dos negócios, praticavam bondade no povoado, ajuda, orientação, coisas do bem. Tiveram dez filhos.
Pois um dia, dizem que depois de uma raiva num resguardo, Adelaide adoeceu, seu estado se agravou, ela morreu. Tinha 47 anos. Era 26 de março de 1929. Bitupitá ainda era Almas, nome em alusão a um peixe farto, transparente, o alma-de-gato, que enchia as redes e garajaus dos pescadores na foz do rio Timonha. Da margem, extremo oeste cearense, vê-se o Piauí ao lado. O túmulo dela hoje está bem ao lado do rio. Mato e sossego ao redor. Mas chegou lá só depois de uma aparição dela, dias após ter sido enterrada.
A história arrepia uns, outros são céticos. Mas aconteceu realmente. O corpo foi desenterrado após um suposto pedido dela, feito a um homem que morava na cidade de Viçosa, distrito Olho d´Água, no alto da serra da Ibiapaba, a léguas de Almas. A família ainda chorava a perda quando foi procurada por um agricultor, Francisco Oliveira. Surpresa a todos, ele afirmou ter visto o espírito de Adelaide em seu quarto. Teria puxado o punho de sua rede. Pedia-lhe que seu corpo saísse do cemitério de Venâncio, localidade vizinha onde estava enterrado, para que fôsse levado ao Pontal das Almas. Teria dado detalhes. O homem a reconheceu numa foto. Era 3 de maio de 1929, a aparição. Em 13 de maio, já estava feita a trasladação. Ninguém duvidou. Houve outro detalhe na exumação, mais um susto: o corpo desenterrado estava em perfeito estado e exalava perfume.
Em vida ou na pós-morte, Adelaide escolheu Bitupitá. Para o altruísmo e o descanso. Ganhou capelinha na localidade, bastante visitada. O secretário de Turismo de Barroquinha, Tié Araújo, confirma Santa Adelaide como chamariz para a região. Além da festa do padroeiro São José, em março, a santinha tem festejo particular em agosto.
Fonte: O PovoReportagem de Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio
Foto: Paula Adriana
Postado por Tadeu Nogueira