Para quem não teve outra alternativa e precisou ir para um dos nove abrigos públicos da cidade, a vida é mesmo sacrificada. Nesses locais, falta privacidade e tudo é feito de forma improvisada. Alguns consideram que, além da casa e dos pertences, também perderam a dignidade.“A vida aqui é muito triste. Gostaria de estar no meu lar, mas a chuva arrancou e levou minha casa toda. Vou ter que esperar, não sei até quando, eles me darem uma nova casa. A nossa vida é de sofrimento”, desabafa Maria da Sulidade Ubaruba, que morava no bairro Nossa Senhora de Fátima e agora se encontra abrigada no prédio da Escola Esmerino Arruda.
No local onde ela morava, a maioria das casas era de taipa e dezenas foram arrastadas pela cheias. Na casa do aposentado Francisco Genário dos Santos, de 54 anos, o cenário é desolador. Mesas, cadeiras, sofás, guarda-roupas, camas, tudo ficou debaixo d’água.
Na biblioteca montada num dos cômodos da casa, milhares de livros ficaram ensopados pelas águas, que atingiram mais de um metro de altura. “Não sei se terei coragem de morar aqui novamente com minha família. As paredes estão muito encharcadas. Acredito que terei que fazer uma reforma por completo. Tudo que está aí dentro vai ter ir para o lixo”, lamenta.
Em Granja, centenas de famílias que moram em locais privilegiados vêem a água chegar em suas casas. A cheia é ocasionada pelo aumento de volume dos rios Coreaú, Timonha, Araxá e Pipora.
A família da funcionária pública aposentada Teresinha Domingues de Carvalho vive há 18 anos no Centro da cidade. Ela conta que já viu a água se aproximar da casa em invernos passados, mas que nunca chegou a alagar. Na cheia deste ano, apesar de não ter precisado abandonar a casa, a aposentada contabiliza perdas. “O prejuízo que tive não tem preço, porque tudo foi conseguido com muito sacrifício.
A Prefeitura de Granja informou que está fazendo um levantamento dos danos causados pela enchente. O cálculo é que será necessário em torno de R$ 40 milhões para reconstruir o município. O valor estimado será para recuperar casas, prédios públicos estradas, pontes e lavouras. De acordo com o secretário de gestão, Jander Beviláqua, desse total, cerca de R$ 9 milhões será para atender os agricultores que perderam a safra. Uma tenda foi montada na praça principal da cidade para prestar atendimento médico. Doenças como virose e pneumonia começam a surgir.
Fonte: DN (Colaboração de Wilson Gomes)
Mais informações:
Prefeitura de Granja (88) 3624.1155
Coordenadoria da Defesa Civil Municipal (88) 9915.1707
Postado por Tadeu Nogueira