domingo, 6 de junho de 2010

AS PESCARIAS "DE DORMIDA" EM CAMOCIM

Judeu? Barbudo? Ariacó? Coró? Algum desses nomes pode até parecer "grego" para alguns leitores, mas certamente faz parte do dia a dia de muitos outros. Eles são nomes de peixes que são capturados todos os dias em águas rasas, aproximadamente 2 braças (algo em torno de 3 metros de profundidade), no litoral de Camocim. A pescaria é conhecida como "de dormida", pois inicia por volta de uma da manhã, com retorno à terra firme entre 10 e 11 do mesmo dia, antes do almoço dos camocinenses. Isso ocorre se a canoa, geralmente de 6, 7 metros, for na base do remo, mas se usarem o motor de "rabeta", a chegada é bem mais rápida, por volta das 7 da manhã, no máximo. Atualmente existe uma febre desses motores em Camocim, com modelos de 7 e 10 cv (foto à direita), o combustível é óleo diesel e o desempenho em águas calmas atende a expectativa, mas se avançar além da "risca" a coisa pode complicar. Alguns pescadores dizem que a hélice não suporta o sobe e desce das ondas, correndo o risco de girar no seco em várias ocasiões. Somente em águas mais profundas temos a pescaria de Serras, Cavalas, Arabaianas e outros peixes da elite gastronômica de Camocim, se bem que a cabeça do coró deixa qualquer um apaixonado pela cidade. Enfim, a chegada das canoas "de dormida" é um programa imperdível para quem mora e não conhece ainda Camocim na sua essência, assim como para turistas e visitantes. A forma como os tripulantes, geralmente 4 ou 5, negociam a produção, com uma linguagem rápida e de certa forma codificada incita a curiosidade, nos deixando cada vez mais perto da natureza, destoando assim das vitrines frias dos supermercados, onde o peixe parece ter sido fabricado. Se você mora em Camocim, não deixe de conhecer esse lado da cidade, se você não mora e tem vontade de conhecer, conte as moedinhas, junte os pano de bunda e embarque nessa aventura. A natureza aguarda ansiosa por você.
Postado por Tadeu Nogueira às 09:48h
Fotos: Tadeu Nogueira