quinta-feira, 17 de março de 2011

COMISSÃO DO SENADO APROVA FIM DA REELEIÇÃO E MANTÉM VOTO OBRIGATÓRIO

A comissão especial da reforma política no Senado aprovou nesta tarde o fim da reeleição e um mandato de cinco anos para presidente da República, governadores e prefeitos. A nova regra valeria para os eleitos a partir de 2014, ou seja, quem está no cargo atualmente poderia tentar a reeleição ainda uma vez. Neste caso, na hipótese de reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela seria favorecida com um mandato de nove anos, já que o segundo teria a duração de cinco anos. A mudança ainda precisa passar pelo plenário do Senado e pela Câmara dos Deputados. Na mesma reunião, a maioria do colegiado defendeu a manutenção do voto obrigatório. Além disso, a maioria da comissão avaliou que o modelo atual consiste numa "obrigatoriedade flexível", já que a lei eleitoral prevê sanções brandas ao eleitor que faltar ao pleito, como multas estimadas em R$ 3,50. Na próxima reunião, os senadores vão analisar as propostas de implantação do voto distrital e do voto majoritário para deputados federais, estaduais e vereadores.
Lá vou eu: Concordo com o fim da reeleição, discordo da manutenção do voto obrigatório e concordo com a afirmação de que existe uma "obrigatoriedade flexível". Desde os meus 18 anos, sou convocado para trabalhar em eleições, seja como presidente de mesa, mesário e bem lá no início de tudo, fui até escrutinador, pois é, contava votos na base da "munheca" mesmo, lá no primeiro andar do prédio do INSS, chamado na época de INPS (é o novo). Em todo esse tempo de serviços prestados, e com muito orgulho, noto cada vez mais crescente a falta de interesse do povo em melhor se informar das coisas. Uma delas é a justificativa do voto. Na última eleição, como ocorre sempre, recebemos na seção eleitoral gente esbaforida, estressada, sem quuerer pegar fila, querendo de imediato justificar seu voto porque encontrava-se fora de seu domicílio eleitoral. Vi até gente formada fazendo isso. Pura falta de informação. A justificativa do voto não precisa necessariamente ser feita no dia da eleição. Para isso o eleitor tem praticamente 90 dias após o pleito e caso ainda não justifique, paga essa multa de "merreca" que foi citada acima. Chega a ser ridículo receber, em toda eleição, gente de roupa de banho até, que na passagem para a praia de Camocim, para em uma seção para justificar o voto como se aquilo não pudesse passar daquele dia. Tem gente que acha que pode ser até preso se não justificar ou deixar de votar. É simplesmente ridículo isso.

Sem citar nomes, claro, certa vez chegou um casal em "desespero", ambos com roupas leves, típicas de quem estava indo para uma praia ou algo assim. Ela com criança de colo, e ele furando fila, exigindo que sua justificativa fosse logo processada na urna, alegando que, pelo fato de sua esposa estar com uma criança de colo, ele teria prioridade. Fiquei olhando pra cara do cidadão, que ao meu ver parecia ou deveria ter um pouco de massa cinzenta ativa e deu vontade de perguntar se ele não sabia que todo aquele surto de "ripinol com zabumba" era desnecessário, pois o procedimento poderia ser feito em até 90 dias.
Para pessoas assim, o governo não mexe um dedo sequer para esclarecer tudo isso que estou falando aqui. Não há interesse, pois quanto mais votos, mais eleitos, incluindo aí os apoiados pelo próprio governo. Portanto, isso de voto obrigatório é a maior piada. Pois ao preço de R$ 3,50 de multa você continuará limpo, leve e solto aos olhos da legislação. O resto é pura pressão. Pega quem não tem neurônios suficientes, só isso.
Postado por Tadeu Nogueira às 19:27h
Com informações da Veja