COM A CONTRATAÇÃO DE CABOS ELEITORAIS
Esse é o tipo de notícia que causa arrepios em um certo gênero de político: tramita na Câmara dos Deputados projeto que proíbe a contratação de cabos eleitorais por candidatos. Isso mesmo. Se a proposta passar, a captação de votos por gente remunerada para isso - autênticos capatazes de eleitores - se tornará ilegal. Pode-se prever, desde já, reações azedas à iniciativa, sobretudo dos que dependem de artifícios assim para se manter no poder. E que fez do voto uma mercadoria. Quem se habilita?É importante observar que o projeto não torna ilegais os cabos eleitorais. Apenas a remuneração deles. Ou seja, quem se dispuser a trabalhar de graça para os políticos, pode ficar à vontade.
Lá vou eu: Esse projeto, se aprovado, vai virar chacota entre os políticos, principalmente entre os prefeitos de cidades do interior. A explicação é simples: Os cabos eleitorais dessas cidades são os contratados da municipalidade. Por isso a resistência em realizar concurso. Prefeito só anuncia concurso quando existe um judiciário atuante na cidade, que ordene que a Prefeitura abra oportunidades de emprego através de concurso e não por apadrinhamento político. Pra piorar a situação, esses cabos eleitorais legalizados, que são travestidos de contratados, recebem salários para pedir voto de porta em porta enquanto "exercem" sua função. Sem falar que existe ainda o cabo eleitoral graduado, esse geralmente se mata na campanha em busca de votos para seu patrão e prefeito. São os chamados "chefes de equipes", responsáveis por grupos desses mesmos contratados. A cada campanha eleitoral, a cidade é dividida em setores, onde cada equipe "cai em campo" em busca de votos. Claro que tais chefes de equipe não podem ficar sem 'receber" nesse intervalo de eleições, por isso eles são agraciados com cargos comissionados, gratificações e, dependendo do último resultado de seu setor nas urnas, o prefeito oferece uma bela e polpuda secretaria municipal.
Ou seja, esse projeto de acabar com contratação de cabo eleitoral é típico de quem não conhece a realidade brasileira, ou pior, faz de conta que não conhece. Essa prática sempre ocorreu, ocorre e pelo jeito sempre vai ocorrer em Camocim, por exemplo. Se a justiça saísse dos gabinetes e escutasse o povo, saberia disso faz tempo. Por outro lado parece que ela até sabe disso, pois em várias outras cidades os prefeitos tiveram que cumprir ordens judiciais que coibiam a prática das contratações. Aí fica a pergunta: Por que será que em Camocim, tudo funciona mais lentamente, devagarinho, quase parando? Enquanto isso, o povo...
Postado por Tadeu Nogueira às 11:30h
Com informações da Coluna Comunicado, do DN