(Carlos Augusto P. dos Santos)
Esperando o desenrolar final dos acontecimentos que envolvem o processo do Prefeito de Barroquinha contra o blogueiro Tadeu Nogueira, lembrei do que passou um professor (sem nenhuma alusão ao alcaide da antiga Paço Imperial) na década de 1930 em Camocim. Tratava-se do Professor Francisco Theodoro Rodrigues que por aqui fundou o Collegio 05 de Julho (que abordarei em postagem futura), ensinando as crianças e rapazes da cidade. Acontece que este mesmo professor fundou um jornal "O Operário", e de quebra, foi um dos fundadores do PCB em Camocim. Não tardou em ser perseguido pelos chamados "burgueses" da época. Recuperemos um pouco da pena de "Chico Teodoro" (ô terra prá dar Chico) num editorial do seu jornal: COMO AGEM OS BURGUEZES
Os burguezes tem lançado mão de todos os meios para que eu abandone Camocim. tem feito um boycote terrivel ao humilde jornal que dirijo. Este boycote começou desde o momento que reconheceram que o mesmo jornal não elogiava Moreirinha, Mattos Peixoto, Washington Luís, Getúlio Vargas, Juarez e outros políticos. Aos poucos as pessoas que dependiam da burguezia foram deixando as assignaturas, outros deixando de publicar annuncios no “O Operario”.(...). Vendo que “O Operário” continua a circular, os burguezes se exasperam e lançam mão de outro recurso: boycotam a escola que dirijo, à qual, seguindo a praxe do logar, de cada escola ter o nome de collegio, dei o nome de Collegio 05 de Julho.
Boycotaram retirando os seus filhos, ficando eu somente leccionando os filhos de operarios e pequenos comerciantes.(...) Communismo também não ensino em minhas aulas, porque as leis burguezas me creariam uma situação de arrôcho.(...) Pelo bem, pelo conforto dos lares pobres, pela igualdade social tudo tenho feito e farei. E por assim proceder vejo-me na imminencia de perder o único meio que me mantenho com a minha família. (...) Esse crime dos burguezes de cerciarem os meios de vida dos proletarios conscientes, deixando morrer de fome seus filhinhos é tão grande que jamais poderá ser perdoado!(...) (O Operário”, Anno IV, No. 75, 18 de janeiro de 1931, p.1. Camocim-Ce. In: Processo No. 394. Apelação: 460. Vol.2. Fundo/coleção: TSN. Ano: 1938. Arquivo Nacional).
Lá vou eu: Em pleno século XXI, a prática de querer calar a imprensa usando o poder como arma não mudou muito. Acontece que agora existem leis e a justiça como meio de fazer com que elas sejam cumpridas. E é nisso que deposito toda a minha confiança.
Postado por Tadeu Nogueira às 07:04
Com informações do Blog Camocim Pote de Histórias
Boycotaram retirando os seus filhos, ficando eu somente leccionando os filhos de operarios e pequenos comerciantes.(...) Communismo também não ensino em minhas aulas, porque as leis burguezas me creariam uma situação de arrôcho.(...) Pelo bem, pelo conforto dos lares pobres, pela igualdade social tudo tenho feito e farei. E por assim proceder vejo-me na imminencia de perder o único meio que me mantenho com a minha família. (...) Esse crime dos burguezes de cerciarem os meios de vida dos proletarios conscientes, deixando morrer de fome seus filhinhos é tão grande que jamais poderá ser perdoado!(...) (O Operário”, Anno IV, No. 75, 18 de janeiro de 1931, p.1. Camocim-Ce. In: Processo No. 394. Apelação: 460. Vol.2. Fundo/coleção: TSN. Ano: 1938. Arquivo Nacional).
Lá vou eu: Em pleno século XXI, a prática de querer calar a imprensa usando o poder como arma não mudou muito. Acontece que agora existem leis e a justiça como meio de fazer com que elas sejam cumpridas. E é nisso que deposito toda a minha confiança.
Postado por Tadeu Nogueira às 07:04
Com informações do Blog Camocim Pote de Histórias