quarta-feira, 20 de julho de 2011

MATÉRIA SOBRE SITUAÇÃO DO TURISMO EM CAMOCIM REPERCUTE ENTRE LEITORES



Além dos comentários, a publicação rendeu e-mails indignados de camocinenses que vivem na cidade e fora dela. Escolhemos um deles, devidamente protegido pelo anonimato (por medo de represálias da parte de quem será não é?), para ilustrar uma posição, praticamente consensual  perante o assunto. Nele, já constatada pelo Blog, vem a revelação de que 80% dos alunos do curso de turismo da Escola Profissional de Camocim iniciarão em agosto a fase de estágio remunerado, pasmem, em Jericoacoara, simplesmente por falta de infraestrutura do setor em Camocim. Jovens entre 16 e 17 anos terão que ir e voltar todos os dias, paradoxalmente tendo em sua terra um dos maiores potenciais turísticos da região em total hibernação. Segue o email: 
Não pude deixar de falar o que senti após ler a postagem “Turismo em Camocim vive a pão e água”, publicada recentemente neste mesmo Blog. À medida que ia lendo o texto, percebi que se tratava realmente de um assunto que merecia ser melhor analisado. É lamentável saber que nossa cidade, mesmo possuindo tantas belezas naturais e exclusivas, não tenha se tornado ainda um destino turístico indutor depois de tantos anos. Quanto tempo já não faz que a cidade é conhecida de tantos turistas de cidades vizinhas, da própria capital do estado, de outros estados e até mesmo de outros países? Meu pai sempre me contava histórias dos tempos em que donos de pesqueiras, comerciantes e bancários de várias cidades cearenses e de outros estados vinham a Camocim nos finais de semana das décadas de 70 e 80 somente para comer uma peixada no restaurante do Fortim (nos tempos do Sr. José Airton Coelho, de saudosa memória) e vislumbrar paisagens exuberantes esculpidas pelo próprio Criador. 
O que terá mudado tanto nos últimos anos? Por que cidades como Viçosa, Tianguá e Sobral têm se tornado lugares tão atraentes para o turista? Acredito que muitos já saibam a resposta, mas poucos refletem nela e em suas consequências a médio e longo prazo. Para piorar a situação, fiquei chocado quando li o comentário de alguns alunos do curso de turismo da escola profissional de Camocim. Estou sabendo que a grande maioria vai ter que estagiar em Jericoacoara por falta de mercado de trabalho em Camocim. Que absurdo! O aluno passa vários meses estudando sobre o contexto turístico camocinense, analisa suas potencialidades naturais e faz projeções para a inserção de projetos impulsionadores do turismo local para, no final do curso, saber que não poderá fazer nada por sua cidade. 
Até me arrisco a dizer que muitos destes mesmos alunos tenham idealizado diversos planos de desenvolvimento turístico que possam driblar a falta de emprego e de oportunidade altamente gritantes no município. Em todo caso, estou feliz por saber que ao menos irão estagiar em Jericoacoara. Aliás, nem sei por que Jericoacoara é tão “comerciável” (nada contra o local). O produto que eles mais vendem é de Camocim (Lagoa da Torta, Guriú, Tatajuba etc). Enfim, espero que não percam as esperanças – nem alunos do curso de turismo, nem demais camocinenses – pois, cedo ou tarde, o turismo local será alimentado não mais por pão ou água, mas por iguarias e manjares que só a esperança e o esforço de um povo forte podem nutrir.  
Lá vou eu: Se cada camocinense pudesse saber das ideias desses jovens, todas voltadas para Camocim, ficaria com o coração ainda mais apertado com essas informações. Sou testemunha ocular do entusiasmo deles sempre que falavam no que poderiam fazer pelo turismo da cidade.  É como se eles quisessem devolver à terra natal, em forma de trabalho e projetos, tudo que o Governo do Estado está proporcionando durante esses anos. 
Ontem, uma grande mente camocinense, que poderia estar servindo ao município, me falou o seguinte:  "-Tadeu, há os que falam, e os que fazem".
Postado por Tadeu Nogueira às 08:03