Moro em um país onde a maior entidade estudantil é sustentada pelo governo federal. Após a era Collor, quando saíram de caras pintadas e vestindo preto em protesto contra a corrupção, jamais foram capazes de repetir o gesto, pois o governo entendeu que, para calar as ruas, era só meter a mão no bolso e subsidiar os "falastrões". Em países desenvolvidos, cantores e bandas, sempre que querem, descem a "ripa" no sistema. No Brasil, ninguém faz mais isso, pois é o poder público quem mais contrata bandas e cantores para eventos país afora. O Ministério do Turismo hoje é a galinha dos ovos de ouro de qualquer empresário de eventos. Fora o Legião, que no início dos anos 90, durante um show a que assisti em Natal, mandou usou um palco todo preto e meteu a sola no congresso, o único artista que tem essa coragem ainda se chama Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial. Fazia tempo que eu não escutava alguém do meio musical descer a lenha nessa podridão em que vive o Brasil. Ontem, durante o show da banda no Rock In Rio, esse momento aconteceu novamente.
Após tocar 'Música Urbana', Dinho explicou a razão pela qual estaria tocando a próxima música. "Quando a gente era garoto lá em Brasília, havia três coisas que a gente gostava de fazer: Andar de skate, tocar rock'n roll e falar mal do governo", lembrou, afirmando que não poderia deixar 'Que País É Esse' de fora do seu setlist. "Essa música é em especial para José Sarney", disse, ao puxar a canção que mete o pau na corrupção do governo brasileiro. A música foi cantada com toda a força pelo público. Em vários momentos, um coro de 100 mil pessoas gritou: "Ei, Sarney, vai tomar no c.".
Uma pena que a juventude, em sua maioria, esteja tão alienada, tão distante do pleno exercício da cidadania e noção de seus direitos. É graças a isso, a falta de "Dinhos", que essa cambada de vagabundos deita e rola no mar de lama da corrupção. Confira AQUI, na música do dia, que "m.... de país é esse?"
Postado por Tadeu Nogueira às 10:03h
