É difícil falar de uma cidade quando seu umbigo está enterrado nela. O meu está em Camocim, terra escolhida pelo meu pai, viçosense, para viver, trabalhar, ter uma família, criar os filhos e depois, seguindo o inexorável roteiro da vida, ser enterrado nela para sempre. Não anseio nada mais do que isso na passagem por essa terra linda, cuja natureza me enche de orgulho e admiração dia após dia, como se a cada amanhecer desses 40 anos em que nela moro, eu a visse com o olhar de quem a visita pela primeira vez. Quando viajo, o prazo para que meu "sensor de saudade" fique ativado é de 48 horas, e olhe lá. Depois disso, aponto a "venta" rumo ao norte do litoral oeste e quem quiser que me acompanhe. Moro em Camocim porque gosto e graças a Deus, porque posso, mas fico triste quando sei de tantos outros que também gostam, mas não podem acordar todos os dias sentindo a brisa da terra do coró. Não podem morar porque não encontraram oportunidades de trabalhar, ter uma família e criar os filhos dignamente. É para esses que dedico essa postagem.
É para os filhos de Camocim que sobrevivem em outros rincões que vai todo o meu respeito e admiração. Aos que moram em outros estados, países, assim como a todos aqueles que passam até 40 dias no mar, em rebocadores e grandes navios, a serviço da Petrobrás e de grandes empresas que exploram nosso oceano atlântico em busca do ouro negro. Em minha caminhada de hoje, dia especial para a cidade, encontrei a maré cheinha, como se fosse uma forma do mar homenagear e "lavar" Camocim de tudo aquilo que impede que mais camocinenses possam viver onde nasceram. Não perderei a fé jamais em um dia poder testemunhar os filhos dessa terra saírem dela um dia por opção e não por necessidade. Veja AQUI fotos do amanhecer dos 132 anos de Camocim.
Postado por Tadeu Nogueira às 08:27h
Fotos:Tadeu Nogueira