O texto abaixo foi publicado pela primeira vez em 24 de dezembro de 2008. Ele hoje será republicado em virtude dos 4 anos de Camocim Online, que será comemorado no próximo dia 04 de Junho. Espero que, aqueles que ainda não o conhecem, gostem deste singelo depoimento sobre um pouco do Camocim de antigamente. 1, 2, 3, partiu:
Na década de 80, até pouco depois dos anos 90, Camocim recebia, na véspera de natal, visitantes de todos os distritos e pequenas cidades vizinhas. Era uma festa a chegada desse povo nos paus-de-arara, no caminhão do Seu Chico Cabrinha e nas "derrinte" de Granja. Quando dava umas 6 da tarde, a praça Pinto Martins estava até o talo de menino, mulher buchuda e caba de chapéu de palha. Era a festa do interior no interior. Era os "culumim" espichando os "ói" pras barraquinhas de bugigangas, mulher escolhendo brinco e pulseira, homem comprando espelho com foto de mulher pelada atrás, o Sibite se esgoelando tentando convencer o povo que as "cuecas de copim" eram de primeira qualidade e eu vendendo refresco de maracujá, na bodega de meu pai, com pão da padaria do Seu Raimundo Aragão. Esse povo todo comia, bebia e fazia "hora" até o momento da missa do galo. Até lá e depois disso, eles viravam esse Camocim do avesso, sendo que a grande atração da noite era mesmo o parque Ibiapaba, do Seu José Simão.
Na década de 80, até pouco depois dos anos 90, Camocim recebia, na véspera de natal, visitantes de todos os distritos e pequenas cidades vizinhas. Era uma festa a chegada desse povo nos paus-de-arara, no caminhão do Seu Chico Cabrinha e nas "derrinte" de Granja. Quando dava umas 6 da tarde, a praça Pinto Martins estava até o talo de menino, mulher buchuda e caba de chapéu de palha. Era a festa do interior no interior. Era os "culumim" espichando os "ói" pras barraquinhas de bugigangas, mulher escolhendo brinco e pulseira, homem comprando espelho com foto de mulher pelada atrás, o Sibite se esgoelando tentando convencer o povo que as "cuecas de copim" eram de primeira qualidade e eu vendendo refresco de maracujá, na bodega de meu pai, com pão da padaria do Seu Raimundo Aragão. Esse povo todo comia, bebia e fazia "hora" até o momento da missa do galo. Até lá e depois disso, eles viravam esse Camocim do avesso, sendo que a grande atração da noite era mesmo o parque Ibiapaba, do Seu José Simão.
O parque ficava ao lado da antiga prefeitura, em frente à Igreja Matriz, tinha de tudo nele: os botes, o famigerado e sanguinolento "ispaia brasa", a barraca de tiro, o lançamento de argolas, a famosa barraca de caipira do Seu Manduca e o serviço de som do parque. O divertido do parque era oferecer música para a namorada, mas, se fosse um namoro escondido, o sujeito escrevia só as iniciais, daí o locutor falava: "Essa página musical é oferecida por Severino dos Santos e vai para a cocotinha das iniciais M.L.T.C, que deve muito bem compreender. Tudo isso num patrocínio de Casa Siebra". Daí já começava a música e o sujeito saía todo "cheio de perna" por conta da média que fez com a moça.
Encerrando esse passeio no parque, não poderia esquecer a atração maior: a famosa roda gigante, a do parque Ibiapaba ficava ao lado da caixa d'água. Alta que só a peste, metia medo na “negada” que vinha da zona rural pela primeira vez. Tinha “nego” que ficava horas olhando a bicha rodando, numa dúvida "miseravi" entre arriscar entrar ou ter que agüentar a “mangoça” da turma depois. Na véspera de Natal, a roda tinha tanta gente na fila, que era preciso dar só meia rodada senão ia ter que virar a noite. Alguns vibravam quando ela travava. Isso era vantagem de quem estava na cadeira do alto, pois assim dava pra avistar as luzes da cidade, lá do alto, afinal voo panorâmico de pobre é roda gigante de parque.
Antigamente, existia um ar romântico em tudo isso, talvez curtíssemos mais cada momento ou é provável que eles fossem tão raros que, por conta disso, tornaram-se inesquecíveis. Seja como for, aproveite cada instante da sua vida, cada brincadeira. Quem sabe daqui a 10 ou mais anos você conte o seu passeio no parque.
Encerrando esse passeio no parque, não poderia esquecer a atração maior: a famosa roda gigante, a do parque Ibiapaba ficava ao lado da caixa d'água. Alta que só a peste, metia medo na “negada” que vinha da zona rural pela primeira vez. Tinha “nego” que ficava horas olhando a bicha rodando, numa dúvida "miseravi" entre arriscar entrar ou ter que agüentar a “mangoça” da turma depois. Na véspera de Natal, a roda tinha tanta gente na fila, que era preciso dar só meia rodada senão ia ter que virar a noite. Alguns vibravam quando ela travava. Isso era vantagem de quem estava na cadeira do alto, pois assim dava pra avistar as luzes da cidade, lá do alto, afinal voo panorâmico de pobre é roda gigante de parque.
Antigamente, existia um ar romântico em tudo isso, talvez curtíssemos mais cada momento ou é provável que eles fossem tão raros que, por conta disso, tornaram-se inesquecíveis. Seja como for, aproveite cada instante da sua vida, cada brincadeira. Quem sabe daqui a 10 ou mais anos você conte o seu passeio no parque.
Postado por Tadeu Nogueira às 11:54h