sábado, 31 de março de 2012

CAMOCIM A UM PASSO DE SER CONSIDERADO PAISAGEM CULTURAL PELO IPHAN

Uma comissão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esteve reunida ontem com a superintendência do órgão no Ceará. O navegador Amyr Klink também integrou a comitiva, cujo objetivo é dar continuidade ao processo em que o Iphan pretende classificar parte do município de Camocim como paisagem cultural. O mote é o grande número de embarcações artesanais presentes no município e toda a cultura a elas relacionada. “O Processo está bem adiantado. As visitas e os relatórios já foram feitos”, explica a superintendente do Iphan-CE, Juçara Peixoto. Ela diz que em Camocim ainda há muitas embarcações que já não existem mais em outros lugares do mundo. A ideia do reconhecimento partiu de Dalmo Vieira Filho, coordenador do projeto Barcos do Brasil e atual superintendente do Iphan-SC. Na época em que era diretor de patrimônio imaterial do instituto, Dalmo, apaixonado por embarcações, já realizava pesquisas em Camocim e visualizou o grande valor cultural e histórico nas comunidades pesqueiras da cidade. “A chancela da paisagem é principalmente na foz do rio Coreaú, onde tem barcos que estão a todo momento indo e voltando das pescas”, explica Vieira. Outro ponto com grande potencial, segundo ele, são as dunas do local. A chancela de paisagem cultural representa um reconhecimento de valor. 
Para que isso aconteça, é estabelecido um pacto que, no caso, envolve o Iphan, a Prefeitura de Camocim e os pescadores da região. “Há um olhar diferenciado do País para aquele lugar, a partir do momento em que ela passa a ser reconhecido como paisagem cultural”, descreve Vieira. Dessa forma, segundo os membros do Iphan, o município tende a receber mais atenção e investimentos públicos, em especial voltados para a população que utiliza diretamente a área. A previsão é que o processo de reconhecimento seja finalizado até o fim de 2012. O navegador Amyr Klink, com a experiência de quem já foi de barco a várias partes do mundo, diz que o patrimônio náutico brasileiro é um impressionante meio de expressão cultural. Porém, segundo ele, há “completa ignorância” quanto a essa riqueza. “A gente tem um completo desprezo por um patrimônio que é único no mundo”, lamenta. No caso de Camocim, Klink diz que, atualmente, há uma estrutura muito frágil, que pode fazer com que os barcos à vela desapareçam caso nada seja feito. “Faltam iniciativas de ordem econômica, política, técnica e de segurança”, pontua. Por isso, ele considera fundamental o reconhecimento da paisagem. “É uma forma de preservação inteligente porque você não vai lá para fazer regrinhas e, sim, para estimular a atividade deles”, completa.
Lá vou eu: O reconhecimento, quando confirmado, de nada vai adiantar se ficar só em um pedaço de papel. Como disse Amyr Klink, falta muito para que haja pelo menos um pouco. 
Postado por Tadeu Nogueira às 08:02h
Com informações do Jornal O Povo  Foto: Arquivo Camocim Online