No interior,
eleição sem aposta, não é eleição. Durante 3 meses, uma fatia da população de
Camocim viveu dias mais tensos que muitos candidatos. Eles são os famosos
"apostadores". Em meio ainda à turbulência de carreatas e comícios,
os mais "afoitos' faziam gozação antecipada com a cara de quem apostou.
Outros "pegaram corda" de chefes políticos que, ao serem consultados
diziam: "pode apostar que é seguro". Daí o "caba", alienado de papel passado, pensava:
"Oxe, se o chefe está garantindo isso, vou apostar sim". O problema é
que o "chefe" só garantia a promessa, mas cobrir o prejuízo em caso
de derrota, nem pensar. Com isso, muitos perderam grandes valores, carros,
motos, bicicletas, jumentos e até mesmo o meio de vida, pois chegaram ao ponto
até de apostar o próprio estabelecimento comercial. As apostas podem ter
alcançado a cifra de quase meio milhão de reais em Camocim. A coisa
chegou ao cúmulo de ter gente que quis apostar até o "fiofó", e que
só não concretizou a loucura, porque na hora H, deu pra trás (sem trocadilho).
Teve candidato que "empenhou" os únicos bens que tinha na vida, e
pelo jeito, segundo informações, "afundou". Nunca se viu antes em
Camocim um lado político tão convicto da vitória, e talvez por isso mesmo, as
apostas tenham sido tão altas, e consequentemente, com perdas maiores ainda. Hoje
tem "caba" andando a pé, sem ter como ganhar o pão de cada dia, e
ainda servindo de chacota para quem sabe o que ele colocou "no mato"
por conta de fanatismo e muita "corda" dos tais líderes do povão. Um
dos casos mais absurdos que chegou ao nosso conhecimento foi o de um
funcionário concursado municipal, que teria dito em alto e bom som, que
renunciaria ao seu concurso caso a candidata à prefeita vencesse as eleições.
Após 3 dias da divulgação do resultado, quem escutou ele falando está esperando
ele cumprir a tal promessa. Por enquanto ele está indo trabalhar sem nem tocar
no assunto, “caladinho da silva”.
A "coisa" chega a tal absurdo, sempre movida à paixão
política e falta de amor próprio, que teve um comerciante que disse a outro,
que daria R$ 1,00 por cada voto de "ponta" que fosse conquistado pela
candidata Mônica, e que de volta, queria apenas R$ 0,10 por cada voto de
vantagem do candidato Chiquinho do Peixe. Ele alegou que baixou o valor pro
"amigo", porque senão iria levá-lo à falência, já que esperava algo
em torno de 6 mil de "ponta". Ontem foram buscar os R$ 374 que ele
perdeu. Há ainda o caso de um sujeito que teria apostado a própria esposa. O
problema é que parece que ela não sabia disso. Pense na confusão que vai ser
pra desatar esse nó! Enfim, todos sabem que essa é uma mania de interior, já
enraizada, alimentada em grande parte pelos "chefes" políticos, que
no "frigir dos ovos", ficam de camarote, vendo a desgraça de uns e se
autopromovendo com a vitória de outros.
Postado por Tadeu Nogueira às 08:12h