DA VOCAÇÃO E SACERDÓCIO
NASCE UM PROFESSOR
(Adriana Belchior)
Todos nós às vezes ensinamos e
somos ensinados. Andar de bicicleta. Cozinhar. Dar um nó na gravata, um laço no
cadarço do sapato,... Ninguém nasce sabendo. Alguém tem que nos apresentar algo
e aguçar a nossa curiosidade em aprender. Às vezes não precisa ser uma pessoa,
às vezes a própria necessidade nos ensina. O homem está sempre em constante
aprendizado. Mas existem determinados conhecimentos que precisam de tempo e uma
ajuda especial para que sejam enraizados em nossa mente. Essa ajuda especial se
faz presente na figura do professor, que já não usa o jaleco de outrora, mas
que continua a ser um dos personagens mais importantes de nossas vidas. Todos
nós, alfabetizados, nos lembramos de algum professor pelo qual tivemos (ou
temos) admiração.
Embora exista o Google
para explicar e tirar dúvidas de todos nós, um professor se faz importante
porque ele exerce não só a função de passar conhecimento, mas também construir
e conscientizar cidadãos, contribuindo para a formação de seres pensantes,
críticos, capazes de emitir opinião própria. Google nenhum faz isso! Assim
sendo, o professor é peça importante no tabuleiro da vida. É ele quem nos ensina a dar os primeiros
passos em busca de uma profissão. Através dele, aprendemos as quatro operações,
os gêneros textuais, as regiões do Brasil, os períodos históricos e tantas
outras coisas. Aprendemos também a ficar em silêncio quando a vontade era de “falar
pelos cotovelos”. Aprendemos a ler em grupo e individualmente, embora a nossa
timidez fosse amedrontadora. Aprendemos tantas coisas e de formas diferentes,
porque tivemos vários professores e cada um tinha uma maneira distinta de
ensinar e, dependendo dela, tivemos ou não afinidades para com eles.
Lembro-me desde
aprofessora atenciosa da “Alfabetização” na Escola O Cebolinha, na cidade onde nasci, até a rigidez do professor de
Latim, na universidade. E, se me lembro,
é porque com certeza eles contribuíram para eu ser quem sou. Hoje eu compreendo que rigidez e atenção
podem andar juntas com um mesmo objetivo: ensinar. Hoje, como professora, acredito que podemos ter essas duas
características, sem perder o respeito e o carinho dos alunos. Embora seja uma profissão bastante importante
na vida das pessoas, ser professor atualmente é um sacerdócio. Trabalhar com o
ser humano é difícil. Imagine trabalhar com salas com uma média de 40
deles! Cada um diferente do outro, vindo
de uma criação diferente, de realidades diferentes! Imagine você ter que
exercer papel de pai ou mãe, dando conselhos a filhos de pais ausentes! Imagine
ter muitas vezes que abrir mão de seu lazer para corrigir e elaborar provas,
preparar aulas e projetos!
Além disso, ainda vemos os casos de violência, o
desinteresse de muitos alunos e a desvalorização do professor pelas autoridades
governamentais. Tudo isso só mostra o quanto é difícil ser professor! Só é
professor quem ama a profissão. Os que tentam fazer dela um “bico” acabam desistindo
cedo ou prejudicando alunos com suas aulas de péssima qualidade. O verdadeiro
professor tem prazer no que faz e, embora a realidade seja cruel e nada
amistosa, ele nunca deixa de acreditar. Mesmo que os obstáculos sejam muitos,
ele não perde a esperança de cooperar para o crescimento de seus alunos. Embora sejam
poucos os que consigam galgar um espaço melhor na sociedade, de alguma forma
ele sabe que contribuirá na vida de seus alunos. Professores por vocação: são
estes os que merecem o nosso “Obrigado” neste dia 15 de outubro!
Artigo enviado pela Professora Adriana Belchior