DO GOVERNO SEM APOIO DA MAIORIA
O dia de
protesto em Fortaleza nesta quinta-feira (20) terminou com confronto em frente
à sede do governo e ao menos 61 detidos. Por volta das 20h, após passeata
pacífica, um grupo de manifestantes tentou invadir o Palácio da Abolição, sede
do governo, onde o governador Cid Gomes (PSB) esteve durante toda a confusão. O
local virou uma praça de guerra, com a polícia atacando com balas de borracha e
os manifestantes com pedras e bombas caseiras. O saldo final foi de 61 detidos
--55 adultos e seis adolescentes. Havia ao menos 3.000 manifestantes em frente
ao palácio, mas nem todos participaram dos atos de vandalismo. Os que defendiam
um ato pacífico avisaram à polícia que sairiam e foram embora. Os participantes
do protesto tentaram definir uma pauta de reivindicações ao governador Cid
Gomes (PSB), mas o movimento estava dividido e não houve consenso. Parte dos
agressores usava máscaras. Por volta das 20h, esse grupo rompeu as cercas de
metal armadas para impedir a invasão do palácio e quebraram os vidros da
guarita de entrada. Os que tentavam invadir chegaram a entrar no perímetro do
Palácio da Abolição, mas a PM formou uma barreira e impediu a invasão total.
Os
manifestantes recuaram e ficaram, de longe, atirando pedras no palácio. Também
jogaram as cercas de metal nos espelhos d'água do imóvel --local que mais cedo
servira de banheira para alguns manifestantes. A PM avançou com balas de
borracha e bombas de gás lacrimogêneo, dispersando o grupo. Também dispersou os
manifestantes a golpes de cassetete. Formou-se um cordão de isolamento na
avenida Barão de Studart, na frente do palácio, e ruas laterais foram fechadas.
Em reação, os vândalos atiraram pedras contra prédios, lojas e uma agência da
Caixa Econômica Federal nas proximidades. Eles acabaram encurralados e os
policiais começaram a prendê-los e revistá-los. Todos foram levados a uma
delegacia próxima. Segundo a Polícia Civil, todos os presos mantiveram
confronto com a polícia. Entre as mochilas de alguns, ainda segundo a
corporação, havia bombas, canivetes e estilingues com bolas de gude, usadas
para quebrar os vidros do palácio. Policiais infiltrados no movimento e
funcionários do governo estadual filmaram e tiraram fotos dos manifestantes,
material que será usado para definir responsabilidades.
Todos poderão responder
por dano qualificado ao patrimônio, incitação à violência, formação de
quadrilha e lesão corporal. Houve dois PMs feridos por pedradas. Não havia
balanço de manifestantes feridos na noite desta quinta (20). Familiares e
amigos dos detidos diziam na delegacia que vários deles tinham sido presos já
longe da manifestação e não haviam participado de atos de vandalismo. O
protesto na capital cearense começou pacífico, por volta das 16h, na praça
Portugal, área nobre de Fortaleza. Manifestantes marcharam pedindo redução da
tarifa de ônibus e a entrega das carteirinhas de estudante de 2013, que está
atrasada. A manifestação havia sido organizada por estudantes do DCE (Diretório
Central dos Estudantes) da Universidade Federal do Ceará, que pediam a todo
momento que não houvesse vandalismo. Os estudantes foram até a Assembleia
Legislativa. Negociaram com a PM uma reunião com o presidente da Assembleia,
Zezinho Albuquerque, e o secretário de Educação da prefeitura, Ivo Gomes, ambos
do PSB. De lá, seguiram para o Palácio da Abolição, onde o ato acabou em
violência.
Postado por Tadeu Nogueira às 09:31h
Com informações da Folha / Foto: Fábio Lima