É IRMÃ GÊMEA DA LIBERDADE DE IMPRENSA
(Isabela Martin)
Há duas semanas um fenômeno de massa, com
abrangência nacional, sem nome ou liderança única, apossou-se das ruas rompendo
um silêncio de décadas por melhorias sociais.
Protagonistas renovados da geração cara-pintada,
dão gritos por liberdade. Libertaram-se do sono profundo, da passividade, da
complacência.
Isso é bonito de se ver: como imagem midiática,
como semente de uma história cujo desfecho teremos que esperar para ver. Mais
que isso, é um marco do verdadeiro grito de independência do Brasil.
Talvez o fio que faltasse nesse novelo
necessário para tornar nossa democracia mais pujante, menos desigual, mais
fortalecida.
Por isso, é de causar estranheza que certos
grupelhos queiram barrar o trabalho da imprensa.
A imprensa é aliada da democracia. O tutorial
das ditaduras ou semiditaduras, a exemplo do que se vê nos vizinhos do Brasil,
ensina que o primeiro passo é cortar os “pulmões da sociedade”: a imprensa
livre. Porque se não for a imprensa, como a sociedade vai se informar
sobre o que corre nos porões do poder?
Pais e avós de muitos que agora vão às ruas
dizer “o Brasil acordou” foram vítimas do chamado estado de exceção. Apanharam,
ou morreram nos porões da ditadura que censurou música, novelas, livros, e a
imprensa. A imprensa, com todos os males e defeitos é uma voz que não se
cala. Mude-se o canal, feche-se a página do jornal ou da revista, troque-se a
estação, acesse-se outro portal. Mas calá-la é calar a si próprio.
Restrição ao trabalho da imprensa e ameaça de
confisco de equipamento devem ser tratadas como bandidagem. Trombadinha é quem
ameaça a integridade física e rouba.
Para os demais que lutam de cara aberta pela
liberdade de viver com mais dignidade, uma salva de palmas.
Postado por Tadeu Nogueira às 11:36h
Isabela Martin é Jornalista e Diretora do Sistema Jangadeiro de Comunicação