sexta-feira, 30 de agosto de 2013

COISAS DA YLA

MINHA VELHA INFÂNCIA...
Como sinto saudade daquela panela no fogão de lenha, daquele cozido feito sem muitas “frescuras”, temperado com gordura de porco e hortaliças que tirava do fundo do quintal.
Como sinto saudades daquelas histórias contadas por minha avó, enquanto na luz da lamparina, minha mãe torcia tucum para comprar nosso almoço no dia seguinte.
Da minha velha infância, carrego comigo recordações maravilhosas: das brincadeiras de roda, do pega-pega, do quipa, da bandeirinha, dos domingos brincando de bonecas e comidinhas com minhas amigas.
Da minha velha infância, lembro-me dos banhos de chuva, de correr pela rua em meio aos raios e trovões, sem medo, apenas rindo e olhando para aquele céu misterioso.
Não tínhamos televisão, não tínhamos rádio, não existia luxo; nossa casa era de taipa, havia uns quatro tamboretes, dois tucuns (confeccionados por minha avó Romana); o chão era de barro batido; na cozinha tinha o pote de beber água e o pote de “cozer a comida”, no quintal um girau para lavar os pratos, talheres e utensílios da cozinha.
Não existia água encanada, para beber tínhamos que buscar água em baldes (às vezes perto do quartel da polícia); outras vezes em cacimbas existentes ao redor do açude. Sabe a expressão: “se não aguentar não pegue na rodilha?” E como carreguei baldes d´água na cabeça; água para aguar as plantas e para lavar roupas, era puxada em gangorra na cacimba de nossa casa, e como se multiplicavam as plantas e as roupas...!
Ao ler este meu relato, algumas pessoas podem se identificar com ela, outros nem saberão do que estou falando; por serem jovens ou por terem um poder aquisitivo melhor, não saberão que a simplicidade está acabando e que a cada dia que passa, fica mais difícil sermos simples, por causa da chamada “aparência”!
E mesmo com todas as dificuldades que passei; se fosse preciso, viveria tudo outra vez. O que aprendi, o que vivi, me transformou na pessoa que sou hoje. As sementes que foram plantadas no passado, hoje me dão bons frutos. Portanto, ser pobre financeiramente traz muitas discriminações, mas não me fez pior que ninguém; fortaleceu-me!
Beijos mil,
Ayla Sousa 
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