terça-feira, 15 de outubro de 2013

SOBRE CAMOCIM...E AS CRIANÇAS

Uma das certezas que temos quando somos adultos é que fomos crianças. Muito do nosso caráter é forjado na infância e, sem dúvida, um adulto do bem carrega sempre uma criança dentro de si. Claro que não basta colocar no seu perfil das redes sociais uma foto de quando era criança. Não basta ter comprado o presentinho para seu filho, afilhado ou criança carente. A criança que existe dentro de nós, imagino, tem que ser vivenciada cotidianamente nas nossas ações, mostrada pelo desapego às coisas materiais, no pleno entendimento das diferenças, no compartilhamento do lúdico, enfim, nas demonstrações de afeto sem cobranças. Neste ponto fico a pensar o que estamos fazendo com nossas crianças: muito do que falta ou do que excede para elas, dadas ou furtadas pelos pais, tutores ou políticos, formarão os adultos do amanhã. 
Quantas vezes, não falta um simples brinquedo ou carinho. Outras tantas, se rouba a infância delas enchendo-as com mimos tecnológicos e outros produtos da modernidade, ou se nega o básico para sua sobrevivência, desnaturalizando-as, transformando-as em seres incapazes na vida adulta. Não era nossa intenção psicologizar esse momento, nossa função aqui nesse espaço é outra: historicizar. Neste sentido, não há como não lembrar do nosso Parque Infantil que ficava ao lado da Igreja Matriz, na frente do CEJA João Ramos, com uma boa variedade de brinquedos e que fazia a festa das crianças e dos pais que levavam seus filhos no passeio dominical típico de cidade de interior: ir à missa e passear com seus filhos. 
Pelo menos duas vezes ao ano essa rotina era quebrada com a chegada do Parque de Diversões Ibiapaba com seus brinquedos coloridos: espalha brasa, os botes, as patinhas, os cavalinhos, os carrinhos e o créme de la créme do parque: a roda-gigante (não tão gigante como as de hoje!). Como podemos perceber, para fazer uma criança feliz não precisamos levá-las à Disneylândia. Desta forma, parabéns para quem teve a ideia de reviver um pouco do nosso antigo parque infantil com os brinquedos típicos dessa época naquele pequeno espaço defronte da Estação Ferroviária, início da Avenida Beira-Mar.Vê-las em profusão com a algazarra própria delas experimentando os brinquedos, trouxe o passado de volta, o passado que insiste em ser presente quando queremos reviver a criança que existe dentro de nós.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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