Uma
das certezas que temos quando somos adultos é que fomos crianças. Muito do nosso
caráter é forjado na infância e, sem dúvida, um adulto do bem carrega sempre
uma criança dentro de si. Claro que não basta colocar no seu perfil das redes
sociais uma foto de quando era criança. Não basta ter comprado o presentinho
para seu filho, afilhado ou criança carente. A criança que existe dentro de
nós, imagino, tem que ser vivenciada cotidianamente nas nossas ações, mostrada pelo desapego às coisas materiais, no pleno entendimento das diferenças, no
compartilhamento do lúdico, enfim, nas demonstrações de afeto sem cobranças.
Neste ponto fico a pensar o que estamos fazendo com nossas crianças: muito do
que falta ou do que excede para elas, dadas ou furtadas pelos pais, tutores ou
políticos, formarão os adultos do amanhã.
Quantas vezes, não falta um simples
brinquedo ou carinho. Outras tantas, se rouba a infância delas enchendo-as com
mimos tecnológicos e outros produtos da modernidade, ou se nega o básico para
sua sobrevivência, desnaturalizando-as, transformando-as em seres incapazes na
vida adulta. Não era nossa intenção psicologizar esse momento, nossa função aqui
nesse espaço é outra: historicizar. Neste sentido, não há como não lembrar do
nosso Parque Infantil que ficava ao lado da Igreja Matriz, na frente do CEJA
João Ramos, com uma boa variedade de brinquedos e que fazia a festa das
crianças e dos pais que levavam seus filhos no passeio dominical típico de
cidade de interior: ir à missa e passear com seus filhos.
Pelo menos duas vezes
ao ano essa rotina era quebrada com a chegada do Parque de Diversões Ibiapaba
com seus brinquedos coloridos: espalha brasa, os botes, as patinhas, os
cavalinhos, os carrinhos e o créme de la créme do parque: a roda-gigante (não
tão gigante como as de hoje!). Como podemos perceber, para fazer uma criança
feliz não precisamos levá-las à Disneylândia. Desta forma, parabéns para quem
teve a ideia de reviver um pouco do nosso antigo parque infantil com os
brinquedos típicos dessa época naquele pequeno espaço defronte da Estação
Ferroviária, início da Avenida Beira-Mar.Vê-las em profusão com a algazarra
própria delas experimentando os brinquedos, trouxe o passado de volta, o
passado que insiste em ser presente quando queremos reviver a criança que
existe dentro de nós.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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