terça-feira, 29 de outubro de 2013

SOBRE CAMOCIM...E SEUS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Ser funcionário público é muito complexo, pois ter que lidar com pessoas nem sempre é fácil. Por outro lado, o funcionalismo de quando em vez é o culpado pela ineficiência dos governos e quando se pensa em cortes no orçamento, os primeiros da listas são estas categorias de trabalhadores. Se hoje, há grandes questões a serem debatidas  com relação à gestão  administrativa dos funcionários que vão desde a eterna falta de condições de trabalho e a questão salarial, passando pelos assédios moral e sexual no trabalho, imaginem como eram as relações nos século anteriores.
Contudo, a estabilidade que a carreira de funcionário público proporciona ainda é um grande chamariz para se ingressar no emprego, notadamente em regiões onde as oportunidades para tal rareiam. Sintomaticamente, na maioria dos municípios brasileiros, as Prefeituras são ainda os maiores empregadores. Por outro lado, por menor que seja um município, a presença dos funcionários para tocar a administração é imprescindível.
Daí, para fazer jus ao objetivo da coluna, rebusquei os arquivos (tal como um funcionário público) para registrar o nome daqueles que por aqui deixaram a marca do seu trabalho. Acabei por encontrar os primeiros professores através dos documentos oficiais do governo do final do século XIX que tratavam de suas remoções.
Desta forma, em 1893, o Relatório do Presidente da Província do Ceará dava conta da remoção da professora  Francisca de Mattos Forte, da cadeira do sexo feminino, oriunda da cidade de Iguatu, para a cadeira de sexo misto em Camocim.  No ano seguinte, o mesmo tipo de documento trata do ato datado de 1º de agosto de 1893 que trazia para nossa cidade a professora Heráclia Theodora de Sá Callado da vizinha cidade de Granja, onde lecionava na cadeira de sexo feminino, para a cadeira de sexo misto. Em tempo em que os gêneros eram separados, a existência de classes mistas já era um avanço para a época. No mesmo ano ainda, chega a Camocim, proveniente de Lavras, o professor José Affonso Pereira Moreno para assumir uma cadeira de sexo masculino. Tivemos aí nosso primeiro corpo docente, funcionários públicos da educação, em escolas improvisadas, provavelmente em casas residenciais, posto que o formato das Escolas Reunidas, onde várias turmas funcionavam num só lugar (espécie de Grupo Escolar), só iriam  aparecer no século XX.
Parabéns aos funcionários públicos camocinenses em seu dia!
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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