Ser funcionário público
é muito complexo, pois ter que lidar com pessoas nem sempre é fácil. Por outro
lado, o funcionalismo de quando em vez é o culpado pela ineficiência dos
governos e quando se pensa em cortes no orçamento, os primeiros da listas são
estas categorias de trabalhadores. Se hoje, há grandes questões a serem
debatidas com relação à gestão administrativa dos funcionários que vão desde
a eterna falta de condições de trabalho e a questão salarial, passando pelos
assédios moral e sexual no trabalho, imaginem como eram as relações nos século
anteriores.
Contudo, a estabilidade que a carreira de
funcionário público proporciona ainda é um grande chamariz para se ingressar
no emprego, notadamente em regiões onde as oportunidades para tal rareiam.
Sintomaticamente, na maioria dos municípios brasileiros, as Prefeituras são
ainda os maiores empregadores. Por outro lado, por menor que seja um município,
a presença dos funcionários para tocar a administração é imprescindível.
Daí, para fazer jus ao
objetivo da coluna, rebusquei os arquivos (tal como um funcionário público) para
registrar o nome daqueles que por aqui deixaram a marca do seu trabalho. Acabei
por encontrar os primeiros professores através dos documentos oficiais do
governo do final do século XIX que tratavam de suas remoções.
Desta forma, em 1893, o
Relatório do Presidente da Província do Ceará dava conta da remoção da
professora Francisca de Mattos Forte,
da cadeira do sexo feminino, oriunda da cidade de Iguatu, para a cadeira de sexo misto em Camocim. No ano seguinte,
o mesmo tipo de documento trata do ato datado de 1º de agosto de 1893 que
trazia para nossa cidade a professora Heráclia Theodora de Sá Callado da
vizinha cidade de Granja, onde lecionava na cadeira de sexo feminino, para a cadeira
de sexo misto. Em tempo em que os gêneros eram separados, a existência de
classes mistas já era um avanço para a época. No mesmo ano ainda, chega a Camocim, proveniente de Lavras, o professor José Affonso Pereira Moreno para
assumir uma cadeira de sexo masculino. Tivemos aí nosso primeiro corpo docente,
funcionários públicos da educação, em escolas improvisadas, provavelmente em
casas residenciais, posto que o formato das Escolas Reunidas, onde várias
turmas funcionavam num só lugar (espécie de Grupo Escolar), só iriam aparecer no século XX.
Parabéns aos
funcionários públicos camocinenses em seu dia!