A disseminação das drogas em Camocim, mais precisamente do crack, vem causando um fenômeno, no mínimo, cruel. São os "mulambos" humanos, que perambulam pelas ruas da cidade, desnorteados. Com a correria do dia a dia por parte de quem trabalha, ou cuida de casa, esse fenômeno é quase imperceptível, mas basta alguém tirar algumas horas para observar, que logo se depara com cenas de jovens, muitas vezes adolescentes, vagando sem rumo, com olhar perdido, nitidamente na "fissura" (desejo intenso pela droga), atrás de uma forma de adquirir o "produto" em uma das centenas de bocas de fumo existentes na cidade. Oferta e demanda se equiparam.
Esses jovens, tragados pela droga, vivem em uma cidade que não consegue oferecer opções suficientes para que eles tentem sair do vício. O ócio acaba sendo um "fio condutor" para a dependência. Junto com eles, adoecem seus pais e parentes. Quem tem um usuário de drogas em casa, acaba sofrendo de forma involuntária as sequelas do vício. Os "mulambos" humanos de Camocim refletem a impotência do poder público diante de uma epidemia em vasta expansão, que coloca no "chinelo" qualquer outro tipo de mazela humana.
Postado por Tadeu Nogueira às 08:27h