Se tem uma coisa que rima com Camocim é caranguejo.
No entanto, cada vez mais eles estão se tornando mais raros e menores. Pude
conferir isso recentemente na Barraca da Valdete, no "outro lado" ou Ilha do Amor para os que conhecem pouco nossa história. Para quem
comeu caranguejos e siris enormes, corós carnudos e camarões corados, como uma
vez escrevi numa canção, logo vem à mente a falta de uma política de
preservação do nosso crustáceo. Não somente política, como também
conscientização das pessoas que vivem desse comércio (dos que capturam e dos
que vendem), assim como da população que consome.
Os vendedores do mercado já
ficam olhando diferente quando chego dizendo que não quero caranguejo
fêmea na minha corda. Assim também faço quando sento à mesa de uma barraca ou
restaurante. Contudo, apesar de tudo isso, as ações de controle não são de
hoje.
Desde os anos 1970 que os órgãos de fiscalização do governo tentam conter a captura exagerada e fora do tempo das espécies marinhas, conforme atesta um ofício, do ano de 1970, ao qual tivemos acesso, da Seção Regional da antiga Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), endereçado ao Presidente da Associação Comercial
de Camocim, procurando saber os métodos de captura, os tipos de caranguejo
desta área litorânea. No entanto, estas ações, na maioria das vezes ficam apenas no papel e nada é feito.
O atual defeso do caranguejo é respeitado
em Camocim? Quem fiscaliza? Não é surreal, para não dizer catastrófico a falta
de um contingente do IBAMA em Camocim para atuar nessa área e em outras
demandas do ecossistema local. Enquanto isso, o nosso caranguejo vai
diminuindo de tamanho rumo à extinção.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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