Quem tem mais de 40 anos e ama o esporte, sobretudo o futebol, deve lembrar bem da Copa de 78, das atuações de Kempes, Fillol, Nelinho, Zico, Gentile e tantos outros jogadores. Com apenas 7 anos, acompanhei tudo junto do meu velho pai, diante da nossa Telefunken. Lembro ainda com raiva da "entrega" do Peru, que perdeu de 6 da Argentina, protagonizando um dos maiores escândalos do futebol. Mesmo com 7 anos, acho que gritei um monte de palavrões, sem papai escutar, claro, com Quiroga, goleiro peruano. Para os mais novos entender, a Argentina precisava de 4 gols para seguir na copa. Fez 6, seguiu e foi campeã.
Mas de tudo isso, lembro bem de uma voz firme, séria, marcante, que meus ouvidos escutaram pela primeira vez. Era a voz de Luciano do Valle, que desde então ganhou o meu respeito. Sem firulas, sem frescuras, ele narrava o fato, a jogada, como ela estava acontecendo. Após 36 anos escutando sua voz, não só narrando futebol, mas cobrindo e abrindo portas para o vòlei, boxe do velho Maguila, atletismo e tantos outros esportes que até então eram desconhecidos do grande público, tenho agora que me acostumar com o inevitável silêncio de seu timbre, de sua firmeza vocal, já que quase tudo pode ser evitado, menos a morte. Luciano do Valle deixou esse mundo no último sábado de aleluia para entrar na história, lugar seu por direito, por mérito. Fica aqui o agradecimento a ele por ter proporcionado ao menino Tadeu, as primeiras emoções diante de uma tela. Que descanse em paz.
Postado por Tadeu Nogueira às 08:36h
