
No caso da inauguração do regime de exceção política iniciado em 1º de abril de 1964 não
foi diferente. Não tendo em sua composição nenhum vereador eleito por partidos
naquela época, ditos de esquerda - o último fora o comunista Pedro Teixeira de
Oliveira (Pedro Rufino) na legislatura de
1947 a 1951 -, a Câmara logo se solidarizou aos militares "revolucionários". Dez
dias após a tomada do poder, na Sessão Ordinária de 10 de abril de 1964, o
vereador João Oldernes Fiuza Lima pede que se insira na ata daquela sessão
"um ato de louvor e congratulação às Gloriosas Forças Armadas de nossa
querida Pátria que souberam bem interpretar e defender a nossa querida Pátria
da insânia e julgo comunista que estava enxertada pelos maus brasileiros,
tomando assim o verdadeiro caminho da democracia e nossa liberdade, como também
passar telegramas dirigidos às Forças Armadas, Governador do Estado e
Assembléia Legislativa em congratulação pelo grande acontecimento e êxito
obtido".
Como na maioria das câmaras municipais do país,
a solicitação do vereador foi aprovada por unanimidade. Sem nenhuma novidade
também, é a fala do vereador na defesa de sua convicção, de resto, muito
parecida com os discursos proferidos nos jornais da época, fortemente marcados
pelas ideologias em jogo, notadamente pela inversão dos conceitos como
democracia e liberdade. Mas isso é uma outra história.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Carlos Augusto Pereira dos Santos
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Fonte: Arquivo Municipal de Camocim. 1º Livro de
Ofícios Expedidos. 26/12/1885 a 11/05/1908, p.44. Respeitou-se a grafia da
época.