Muitos elogios e parabéns vem recebendo a tela
do artista camocinense Eduardo de Souza, intitulada "Camocim, o cotidiano
de um povo", por mim encomendada e que serviu de base para a elaboração da
capa do nosso próximo livro "Entre o Porto e a Estação...". Tal livro
é o resultado de nossa pesquisa de doutorado defendida em 2008 na Universidade
Federal de Pernambuco e que será lançado em breve. Voltando à tela, a mesma
mostra em seu primeiro plano uma velha Maria Fumaça trafegando à beira mar, de
frente para armazéns e a Estação Ferroviária ao fundo. Em segundo plano, mas,
não menos vistoso o famoso navio Aratanha ancorado em um dos trapiches e um
outro um pouco mais afastado. Trabalhadores carregando os navios e passageiros
que chegam compõem o resto da cena. Hoje, descobri uma coincidência entre um
texto e a tela ao reler o livro "Paixão Ferroviária" do Pe. Luís
Ximenes, camocinense que nasceu em Camocim na Rua do Egito e foi o grande
pastor de ovelhas humanas no município de Santa Quitéria. A tela de Eduardo de
Souza parece ter saído das reminiscências do nosso querido sacerdote,
intitulada Dois Cisnes às páginas 90-91:
"Outrora, o reino do trem de ferro, no norte do Ceará, tinha o seu trono na cidade de Camocim, à beira-mar. Naquela idade de ouro, a locomotiva e o navio, quais dois cisnes, viviam a nadar felizes, um ao lado do outro. O navio, no espelho azul das águas daquele mar fluvial, e a locomotiva, na lâmina dos trilhos da Rede Ferroviária Federal. [...] Camocim vive curtindo a sede do que já foi, e já perdeu a esperança de voltar a ser de novo aquela mesma cidade que foi ontem com o trem dentro de casa, com aquela estação movimentada regorgitando de gente à espera e à saída dos trens. A ferrovia dinamizava a região inteira, da praia até o sertão". Afora o saudosismo do padre, filho de ferroviário, que tinha a paixão dos trens no coração, o artista Eduardo de Souza parece seguir os mesmos trilhos com um pincel na não e um trem na cabeça a retratar de vários ângulos nosso passado ferroviário. Mesmo sem se inspirar no texto, os dois cisnes estão na tela que representa nosso espaço de identidade histórica que marcou a vida de muitos camocinenses.
"Outrora, o reino do trem de ferro, no norte do Ceará, tinha o seu trono na cidade de Camocim, à beira-mar. Naquela idade de ouro, a locomotiva e o navio, quais dois cisnes, viviam a nadar felizes, um ao lado do outro. O navio, no espelho azul das águas daquele mar fluvial, e a locomotiva, na lâmina dos trilhos da Rede Ferroviária Federal. [...] Camocim vive curtindo a sede do que já foi, e já perdeu a esperança de voltar a ser de novo aquela mesma cidade que foi ontem com o trem dentro de casa, com aquela estação movimentada regorgitando de gente à espera e à saída dos trens. A ferrovia dinamizava a região inteira, da praia até o sertão". Afora o saudosismo do padre, filho de ferroviário, que tinha a paixão dos trens no coração, o artista Eduardo de Souza parece seguir os mesmos trilhos com um pincel na não e um trem na cabeça a retratar de vários ângulos nosso passado ferroviário. Mesmo sem se inspirar no texto, os dois cisnes estão na tela que representa nosso espaço de identidade histórica que marcou a vida de muitos camocinenses.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
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