O BRILHA NOITE
“Ai dei boa noite ao dono da casa, como vai,
como passou... Eu vim vender a língua do boi, ai que meu amo me mandou, eu vim
vender a língua do boi, ai que me amo me mandou...”.
Enquanto estou aqui em casa, fico escutando os
ensaios do Boi Brilha Noite, composto pelos vizinhos de minha rua e que ano
após ano, tentam de alguma maneira preservar essa cultura que embalou nossos
avós, pais e alguns de nós, durante décadas.
Lembro,
que quando criança eu esperava ansiosa o apito tocar para eu correr até o
quintal de D.Arica e D.Laíde! A “Catirina” era um verdadeiro sucesso. Um homem
se vestia de mulher, jogava uma maquiagem nada discreta e com sua voz gasguita
e de “estourar os tímpanos” nos fazia rir com seus jeitos e trejeitos! E o
melhor de tudo? Não existia texto, era tudo natural e cheio de graça!
O dia que o boi Brilha Noite saía pelas ruas era
puro encanto. Roupas coloridas, chapéus cheios de espelhos e adereços, apitos e
chocalhos se misturavam em meio às crianças e seus pais. Eu, claro, fazia minha
mãe ou minha avó me acompanhar do início ao fim nas apresentações realizadas de
rua em rua. E quando as apresentações encerravam-se, eu começava a contar os
dias para que chegasse o novo ano.
O tempo passou, o apoio acabou, alguns
componentes faleceram, outros adoeceram e o Brilha Noite foi esquecido. E hoje,
quando na calmaria da noite, eu escuto o apito tocando, todas aquelas
recordações da minha velha infância voltam com força total, porque as boas
lembranças, eu guardo como algo precioso e indelével dentro do meu coração.
E quando o boi sair pelas ruas do meu bairro, poderei, compartilhar ao mundo algo que fez parte do meu passado. Que possamos ver no presente o passado de doces e alegres recordações.
E quando o boi sair pelas ruas do meu bairro, poderei, compartilhar ao mundo algo que fez parte do meu passado. Que possamos ver no presente o passado de doces e alegres recordações.
Ayla Sousa
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