terça-feira, 13 de maio de 2014

SOBRE CAMOCIM...E O PRIMEIRO POSTO METEOROLÓGICO

No início de julho do ano passado encontrei nosso amigo Luiz Gonzaga, pesquisador e "profeta" da chuva que me dizia àquela época que as últimas chuvas caídas em Camocim não eram mais de inverno, mas, provenientes de correntes do leste africano que interferem na quadra invernosa entre a Natal e Salvador. Na postagem de hoje o mesmo afirma ao blogueiro Tadeu Nogueira que dificilmente atingiremos a média anual histórica da nossa região que é de 1.000mm.
Mas, como eram coletados os dados pluviométricos de outrora? Hoje os dados informados pela FUNCEME são enviados pela estação particular do Luiz Gonzaga, localizada na Rua José de Alencar com Humaitá e veiculados pelo Camocim Online. No tempo em que trabalhávamos na EMATERCE (final da década de 1980 e meados da de 1990) tinha por lá um pluviômetro que era monitorado pelos amigos Osmar Chaves e Ozenard Sousa, que informavam os milímetros chovidos para o Escritório Regional em Sobral. Mas, como nosso negócio é fuçar o passado mais distante, encontramos no Banco de Teses da USP um trabalho que trata da questão ambiental e o trabalho dos engenheiros na Baixada Fluminense, durante o período imperial. Investigando a atuação do engenheiro de tráfego Moraes Rego, a autora Simone Fadel acaba por nos dar um dado importante: a instalação de um posto meteorológico na Estação Ferroviária de Camocim e outro na de Sobral, entre 1881 e 1883. O mesmo era encarregado de fornecer os dados para a imprensa de Sobral e Fortaleza que eram coletados quatro vezes por dia, consistindo na "determinação da temperatura, pressão, estado higrométrico do ar, quantidade de chuva, intensidade dos ventos e aspecto do céu".(p.36). Maiores detalhes sobre esse posto não é mais dado pela autora. Portanto, no tempo do Império era dele, que pensamos ter sido o primeiro, que as nossas chuvas eram medidas, tarefa hoje continuada pelo pesquisador Luiz Gonzaga. 
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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Fonte: FADEL,Simone. Meio Ambiente, Saneamento e Engenharia no período do Império à Primeira República:Fábio Hostílio de Moraes Rego e a Comissão Federal de Saneamento na Baixada Fluminense.USP.2006.