No início de julho do ano passado encontrei
nosso amigo Luiz Gonzaga, pesquisador e "profeta" da chuva que
me dizia àquela época que as últimas chuvas caídas em Camocim não eram
mais de inverno, mas, provenientes de correntes do leste africano que
interferem na quadra invernosa entre a Natal e Salvador. Na
postagem de hoje o mesmo afirma ao blogueiro Tadeu Nogueira que dificilmente
atingiremos a média anual histórica da nossa região que é de 1.000mm.
Mas, como eram coletados os dados pluviométricos
de outrora? Hoje os dados informados pela FUNCEME são enviados pela estação
particular do Luiz Gonzaga, localizada na Rua José de Alencar com Humaitá e
veiculados pelo Camocim Online. No tempo em que trabalhávamos na EMATERCE (final
da década de 1980 e meados da de 1990) tinha por lá um pluviômetro que era
monitorado pelos amigos Osmar Chaves e Ozenard Sousa, que
informavam os milímetros chovidos para o Escritório Regional em Sobral. Mas,
como nosso negócio é fuçar o passado mais distante, encontramos no Banco
de Teses da USP um trabalho que trata da questão ambiental e o trabalho dos
engenheiros na Baixada Fluminense, durante o período imperial.
Investigando a atuação do engenheiro de tráfego Moraes Rego, a autora Simone
Fadel acaba por nos dar um dado importante: a instalação de um posto
meteorológico na Estação Ferroviária de Camocim e outro na de Sobral, entre
1881 e 1883. O mesmo era encarregado de fornecer os dados para a imprensa de
Sobral e Fortaleza que eram coletados quatro vezes por dia, consistindo na
"determinação da temperatura, pressão, estado higrométrico do ar,
quantidade de chuva, intensidade dos ventos e aspecto do céu".(p.36). Maiores detalhes sobre esse posto não é mais
dado pela autora. Portanto, no tempo do Império era dele, que pensamos ter sido
o primeiro, que as nossas chuvas eram medidas, tarefa hoje continuada pelo
pesquisador Luiz Gonzaga.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
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Fonte: FADEL,Simone. Meio Ambiente, Saneamento e
Engenharia no período do Império à Primeira República:Fábio Hostílio de Moraes
Rego e a Comissão Federal de Saneamento na Baixada Fluminense.USP.2006.