terça-feira, 1 de julho de 2014

SOBRE CAMOCIM... E A MINGONGA

Logo de cara, poucos atentarão para o significado da palavra mingonga, que nos dizeres populares pode ser qualquer comida feita sem muito rebuscamento culinário. No entanto, para os de minha geração, a mingonga nada mais era do que nossa "merenda escolar". Quando as licitações no serviço público ainda não eram uma obrigação, e a merenda escolar não era objeto de escândalos de corrupção, e nem tinha que ter um cardápio aprovado por nutricionista, a merenda era uma espécie de mingau que não chegava nem aos pés do nosso chá-de-burro e tinha o nome genérico de mingonga. Fosse o que fosse, feita de aveia, fubá ou outro farináceo, era ela que matava nossa fome e animava nosso recreio.
No entanto, as escolas, assim como o sistema de distribuição da merenda escolar, evoluíram. Senão vejamos: quando estudávamos em escolas isoladas, (eu estudei numa delas no Sindicato dos Salineiros) a merenda era feita num local único e próprio para isso que ficava na rua 24 de Maio, ao lado da Oficina Tic-Tac, comandada pela saudosa Dona Melizante. Em hora determinada, cada professora enviava dois alunos até lá com a tarefa de trazer a merenda para todos num recipiente de alumínio à moda de leiteira que trazia um volume suficiente para cerca de 30 alunos. A vantagem de ir pegar a merenda era que os indicados pela professora poderiam repetir um copo. Portanto, a disputa era para ter essa preferência. 
Posteriormente, a merenda foi descentralizada e passou a ser feita nas próprias escolas, que tinham suas respectivas merendeiras e a variedade da "mingonga" melhorada. 
Como lembrança, ao final dos anos 1970, quando o prefeito era o Sr. Edilson Coelho, eu e alguns colegas fomos estudar na Escola Agrícola de Granja e o regime de internato não tinha sido ainda implantado e tínhamos que arcar com nossas despesas. Conseguíamos mensalmente uma boa ajuda em alimentos direto da merenda escolar do município. Não sei que tipo de "mingonga" é servido hoje nas escolas, não esqueço, no entanto, o cheiro e o sabor da minha mingonga de outrora, trazida por mim e outros colegas pelas areias escaldantes da rua do Egito, cujos nomes a memória não me permite mais lembrar. E você, quanto a isso, do que se lembra?
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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