Logo de cara, poucos atentarão para o
significado da palavra mingonga, que nos dizeres populares pode ser qualquer
comida feita sem muito rebuscamento culinário. No entanto, para os de minha
geração, a mingonga nada mais era do que nossa "merenda escolar".
Quando as licitações no serviço público ainda não eram uma obrigação, e a
merenda escolar não era objeto de escândalos de corrupção, e nem tinha que ter
um cardápio aprovado por nutricionista, a merenda era uma espécie de mingau que
não chegava nem aos pés do nosso chá-de-burro e tinha o nome genérico de mingonga. Fosse o que fosse, feita de aveia, fubá
ou outro farináceo, era ela que matava nossa fome e animava nosso recreio.
No entanto, as escolas, assim como o sistema de
distribuição da merenda escolar, evoluíram. Senão vejamos: quando estudávamos
em escolas isoladas, (eu estudei numa delas no Sindicato dos Salineiros) a
merenda era feita num local único e próprio para isso que ficava na rua 24 de
Maio, ao lado da Oficina Tic-Tac, comandada pela saudosa Dona Melizante. Em
hora determinada, cada professora enviava dois alunos até lá com a tarefa de
trazer a merenda para todos num recipiente de alumínio à moda de leiteira que
trazia um volume suficiente para cerca de 30 alunos. A vantagem de ir pegar a
merenda era que os indicados pela professora poderiam repetir um copo. Portanto, a disputa era para ter essa preferência.
Posteriormente, a merenda foi descentralizada e passou a ser feita nas próprias escolas, que tinham suas respectivas merendeiras e a variedade da "mingonga" melhorada.
Posteriormente, a merenda foi descentralizada e passou a ser feita nas próprias escolas, que tinham suas respectivas merendeiras e a variedade da "mingonga" melhorada.
Como lembrança, ao
final dos anos 1970, quando o prefeito era o Sr. Edilson Coelho, eu e alguns
colegas fomos estudar na Escola Agrícola de Granja e o regime de internato não
tinha sido ainda implantado e tínhamos que arcar com nossas despesas. Conseguíamos mensalmente uma boa ajuda em alimentos direto da merenda escolar
do município. Não sei que tipo de "mingonga" é servido hoje nas
escolas, não esqueço, no entanto, o cheiro e o sabor da minha mingonga de
outrora, trazida por mim e outros colegas pelas areias escaldantes da rua do
Egito, cujos nomes a memória não me permite mais lembrar. E você, quanto a
isso, do que se lembra?
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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