Uma cidade que se ergue à beira do mar, ao redor
de um porto, tende a ser uma porta aberta para a chegada e fixação de
estrangeiros e aventureiros que, talvez, por "serem de fora",
enxergam no lugar outras possibilidades e belezas que os nativos, habituados
com a paisagem diária, não percebem. Iniciamos, portanto, uma série de
postagens onde destacaremos as passagens de estrangeiros por Camocim,
analisando suas contribuições para a formação da cidade ou apenas simples e
efêmeros momentos que aqui desfrutaram. Começaremos, até por uma questão
cronológica, pelos franceses. O processo de colonização da Capitania do
Ceará pelos portugueses, como se sabe, se deu tardiamente. Essa demora,
permitiu que outros navegantes explorassem nossa costa, como os franceses o
fizeram.
Quando os portugueses deram por si, sobre a possibilidade de perderem
esta parte do território no começo do século XVII e enviaram a
expedição de Pero Coelho em 1604 para a expulsão dos
franceses da Ibiapaba, há muito os mesmos já negociavam com os índios as
chamadas "espécimes de fauna e flora" da região. Por conta desse
contato, os franceses quase sempre tinham a simpatia e a aliança das tribos
indígenas e de seus "maiorais" (como eram chamados seus líderes) nas
guerras de ocupação contra portugueses e holandeses.
Os franceses, portanto,
exploraram bastante o comércio com os índios Tabajaras da Ibiapaba
usando o rio Camocim ou rio da Cruz (atualmente Coreaú)
e logicamente fazendo essa rota conhecida em seus documentos náuticos e
históricos. Como vimos acima, a expedição de Pero Coelho de 1604 acabou por
expulsar os franceses da Ibiapaba iniciando efetivamente a colonização
portuguesa na região.
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Foto: Alex Uchôa