Continuando com nossa série que mostra a
presença estrangeira em Camocim, hoje destacaremos os holandeses. Os neerlandeses,
como também são chamados, dominaram o que se chama hoje de nordeste na primeira
metade do século XVII. De 1630 e 1654, através da Companhia das
Índias Ocidentais, os objetivos dos mesmos era controlar a região
produtora de cana-de-açúcar, além de, explorar a terra em busca de outras
riquezas. Neste sentido, os holandeses exploraram bastante a região do
rio Camocim a ponto de terem erguido uma fortificação para melhor
proteção de suas explorações na embocadura do rio, próximo à atual Granja,
além de um outro em Jericoacoara. Depois que o Conde Maurício de Nassau se
instalou em Pernambuco mandou missões de reconhecimento ao Ceará para
sondagem de suas potencialidades econômicas. Desta forma, Gedeon Morris
confirmou a existência de boa quantidade de sal, âmbar gris e do pau
violeta (tatajuba). O explorador holandês ainda fez referências a existência de
uma grande salina, de 30 tribos tapuias e da excelência do porto para
as atividades de carregamento de navios.
Por outro lado, a presença de holandeses
na região pode ser atestada pelos registros após a Guerra da Restauração que
expulsou os mesmos de Pernambuco para o
Ceará, com os índios que lhe eram aliados para a Serra da Ibiapaba, comandada
pelo índio potiguara Antônio Paraopaba. Nessa vinda para a Ibiapaba,
suspeitamos que descendentes de holandeses e índios aliados tenham se fixado na
região de Camocim. A grande área de terras com o nome de Flamengas também pode
ser um indício dessa presença, posto que o nome "flamengo" também é
uma alusão àquele povo. Além disso, alguns grupos familiares com traços de pele
branca e olhos azuis nos lugares mais recônditos de nossa zona rural, em meio à
grande maioria cabocla do nosso povo, pode ser outro aspecto a ser observado.
Por outro lado, temos descendentes diretos de holandeses na cidade, como o
nosso amigo Valdemar do Crediário Camocim. Recentemente gravamos um depoimento sobre a presença
holandesa no Ceará que está sendo retratada em documentário num projeto
denominado "Neerlandeses: Missão em Terras Alencarinas", sob a direção
do jornalista Roberto Bomfim, trazendo depoimentos de historiadores e moradores
das localidades visitadas pelos holandeses de então.
Carlos Augusto Pereira dos Santos