Um dia antes da Parada de Sete de Setembro (é, o
evento já foi chamado de parada!) um professor pergunta-me sobre o sentido dos
desfiles cívicos na atualidade, talvez pensando que no dia seguinte teria
que passar toda a manhã sob um sol escaldante representando sua escola e
cuidando de um pelotão de alunos ou mesmo do sentido de comemorar a
independência do Brasil.
Respondo-lhe que o culto às datas nacionais faz
parte de uma tradição de toda nação, embora que, de acordo com a construção do
processo histórico, elas vão perdendo e adquirindo novos sentidos. Da mesma
forma, perguntei para o professor qual seria a repercussão de não se fazer um
desfile de 07 de setembro. Com efeito, não se vai mais às ruas no dia da Independência
do Brasil com o mesmo sentimento de outrora. Muito potencializada no
governo ditatorial dos militares pós-64, a data tinha uma outra
significância durante o período. Até os desfiles escolares eram à feição da
disciplina militar. Hoje, vejo mais como uma apresentação das escolas com um
tema gerador, diria mesmo um enredo, e seus projetos pedagógicos. A propósito
disso, as escolas municipais de Camocim neste desfile de 2014 pouco se
preocuparam em mostrar aspectos da nossa história local, principalmente no mês
de nossa emancipação política, afora a Escola Idelzuite Carneiro que trouxe
referências aos indígenas, família Gabriel e alguns filhos ilustres.
Recordando
os desfiles de a Parada de 07 de setembro era um
"acontecimento" na cidade. Desde cedo, os Sonoros Pinto Martins enchia
a cidade com seu som a toda potência com hinos e marchas
militares. Em cada escola, a concentração dos alunos e os últimos detalhes eram
checados, afinal, apresentar-se bem poderia trazer para a escola o título de campeã
do desfile. As rivalidades, por outro lado, faziam com que os alunos se
compenetrassem na marcha, batendo forte o pé direito no calçamento quente no
ritmo dos tambores. Mesmo sendo uma escola pública, o João Ramos rivalizava
com a escola particular do Instituto São José e quase sempre perdia. No
quesito elegância, o SESI era rival do CSU, ao desfilarem o colorido
de suas agremiações representadas por times de futebol do estado e do país.
Quadros vivos da nossa história iam às ruas em carros alegóricos. Quase sempre
tinha um D. Pedro I num cavalo ou uma Princesa Isabel rodeada
de escravos. Era assim os desfiles de outrora. Voltando ao desfile deste ano,
destaque para as fanfarras das escolas que deram verdadeiro show de
criatividade e sincronismo. O público também ficou melhor acomodado numa
arquibancada coberta montada defronte ao palanque das autoridades.
Carlos Augusto Pereira dos Santos