Com certeza o caro leitor já se deparou com várias
denominações do rio que emoldura nossa orla marítima. Para mim, no meu
bairrismo contido, nada mais é do que um braço do Oceano Atlântico que vem
encontrar a embocadura do rio Coreaú que se despede de Granja depois de nascer
nas alturas da Serra Ibiapaba. Mas, vamos à historicidade desse rio presente na
historiografia e nos mapas de outrora, anteriores mesmo ao ano de 1500.
Neste
sentido, a descrição do Rio Coreaú, outrora chamado Rio da Cruz, dentre outros
nomes, é o nosso acidente geográfico mais famoso que figura nos mapas
anteriores ao descobrimento. Varnhagen, um dos primeiros historiadores
brasileiros a sistematizar uma "História do Brasil, recorre a cronistas
para falar da Capitania do Ceará. Vejamos:
“Afirma o gentio que nasce este
rio de uma lagoa, ou de junto dela, onde também se criam pérolas e chama -se
este rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos em direito um
do outro, com que fica a água em Cruz.” (Gabriel Soares, Tratado descritivo,
23). O nome do rio da Cruz já se encontra no mapa de Juan de la Cosa; é o atual
Camocim, como afirma Pimentel em 1712.
O mapa de Juan de la Cosa (foto) a que
se refere Varnhagen é "de 1500 pintado em pergaminho, 93 cm de altura
por 183 de largura, que é preservado no Museu Naval de Madrid. Uma inscrição
diz que foi feito pelo marinheiro Juan de la Cosa, em 1500, em Puerto de Santa María
(Cádiz). A carta de Cosa é o único preservado do trabalho cartográfico
realizado por testemunhas oculares para as primeiras viagens de Cristóvão
Colombo às Índias". Portanto,
seja Rio da Cruz, como preferem os poetas, Comeci, Camocy, Camosi, Camucim ou
Camocim como grafaram os cronistas, ou Coreaú, como diz a moderna nomenclatura,
é a nossa porta para o mundo e o colírio das nossas tardes imorredouras de rara
beleza.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
Conheça o Blog do Colunista AQUI
Fonte: VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. CDPB. p.115.
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Fonte: VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. CDPB. p.115.