sexta-feira, 7 de novembro de 2014

SOBRE CAMOCIM...E O SEU RIO

Com certeza o caro leitor já se deparou com várias denominações do rio que emoldura nossa orla marítima. Para mim, no meu bairrismo contido, nada mais é do que um braço do Oceano Atlântico que vem encontrar a embocadura do rio Coreaú que se despede de Granja depois de nascer nas alturas da Serra Ibiapaba. Mas, vamos à historicidade desse rio presente na historiografia e nos mapas de outrora, anteriores mesmo ao ano de 1500. 
Neste sentido, a descrição do Rio Coreaú, outrora chamado Rio da Cruz, dentre outros nomes, é o nosso acidente geográfico mais famoso que figura nos mapas anteriores ao descobrimento. Varnhagen, um dos primeiros historiadores brasileiros a sistematizar uma "História do Brasil, recorre a cronistas para falar da Capitania do Ceará. Vejamos: 
“Afirma o gentio que nasce este rio de uma lagoa, ou de junto dela, onde também se criam pérolas e chama -se este rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos em direito um do outro, com que fica a água em Cruz.” (Gabriel Soares, Tratado descritivo, 23). O nome do rio da Cruz já se encontra no mapa de Juan de la Cosa; é o atual Camocim, como afirma Pimentel em 1712. 
O mapa de Juan de la Cosa (foto) a que se refere Varnhagen é "de 1500 pintado em pergaminho, 93 cm de altura por 183 de largura, que é preservado no Museu Naval de Madrid. Uma inscrição diz que foi feito pelo marinheiro Juan de la Cosa, em 1500, em Puerto de Santa María (Cádiz). A carta de Cosa é o único preservado do trabalho cartográfico realizado por testemunhas oculares para as primeiras viagens de Cristóvão Colombo às Índias". Portanto, seja Rio da Cruz, como preferem os poetas, Comeci, Camocy, Camosi, Camucim ou Camocim como grafaram os cronistas, ou Coreaú, como diz a moderna nomenclatura, é a nossa porta para o mundo e o colírio das nossas tardes imorredouras de rara beleza.
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
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Fonte: VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. CDPB. p.115.