De quando em vez vejo comentários neste blog e nas
redes sociais sobre a falta de uma política cultural em nosso município. As
ações quase sempre são eventuais como são os eventos. Eu mesmo já andei
sugerindo algumas coisas como a instalação de um teatro, de um museu, de uma
feira de livros, dentre outros. Pode até se argumentar de que os tempos são
outros e que a juventude quer outros tipos de atração. No entanto, essa mesma
população não pode querer aquilo que não lhe é ofertado.
Basta olhar para os
nossos eventos culturais. Se não fora a visão da então prefeita Ana Maria Veras
nos anos 1980, não teríamos Festival de Quadrilhas, Salão de Artes.
Infelizmente o Festival de Música, o Festival de Violeiros, as Olimpíadas de
Camocim, criados também nesta época, morreram por inanição. Urge, portanto, que
se promovam as condições para a geração de uma política cultural para além dos
eventos, principalmente por termos hoje no comando da cultura camocinense a
incansável Ana Maria Veras. Não estou com isso renegando outras manifestações
hodiernas.
Vivemos o tempo presente, no entanto, às gerações atuais devem ser
mostradas àquilo que se solidificou como legado cultural dos nossos
antepassados. Desta forma, hoje atribuo meu gosto pela cultura popular ao meu
pai que proporcionava aos seus filhos e vizinhos o acesso á essas
manifestações. Vez por outra, Zé do Gás botava "boneco" em nossa casa
com as histórias hilárias de seus mamulengos. Da mesma forma, um compadre do
meu pai que me foge o nome, às vezes era chamado para cantar melodiosamente os
"romances" (lembro vem dos Doze Pares de França) ao som de um
berimbau.
Nos aniversários do meu velho era certo uma dupla de violeiros vir
animar a festa com seus repentes de elogio ao dono da casa e de desafios entre
eles. Nas temporadas de bois, o Boi do Juriti em pelo menos uma noite animava a
Rua do Egito defronte de nossa casa.
Como disse, tudo é uma questão de hábito!
Carlos Augusto Pereira dos Santos