São Paulo é uma cidade tão plural que decidi fazer
um segundo texto, mas com um enfoque um pouco diferente. Neste, não vou falar
das construções gigantescas, pontos turísticos, baladas... vou falar de
pessoas, das pessoas que fazem dessa cidade a cidade das oportunidades.
O Réveillon de 2014 passei em Sampa, mais
precisamente na Avenida Paulista. Fiquei hospedado ali perto em um apartamento
com amigos. Entre as atividades de trabalho e lazer fui tentando decifrar um
pouco daquilo que faz desse ponto do Brasil o local mais procurado por quem
quer mudar de vida.
Poderia falar sobre muita gente que conheci aqui,
principalmente, nordestinos que “se deram bem” e hoje fazem parte da rica
classe média paulista, nordestinos que empregam paulistas e que tem rendas que
lhes possibilitam uma vida confortável aproveitando tudo que São Paulo pode
lhes dar. Contudo, vou contar sobre minha conversa com Joilson, jovem
recém-chegado de Alagoas e que trabalha em uma grande padaria 24h perto da
avenida Paulista.
Conheci Joilson, quando fazia compras em seu local
de trabalho no dia 30 de dezembro, não sei por que, mas algo me chamou atenção
naquele rapaz que sozinho cortava queijos e outros frios no setor de laticínios
da imensa padaria. Rosto fechado, aparentemente cansado, já eram quase 22h da
noite, e olhando para o vazio, parecia perdido, contudo, trabalhando em ritmo
acelerado.
Vi seu nome no crachá e ao perguntar se era
nordestino, fez com que seu rosto se direcionasse para mim, no início sem
entender porque eu estava puxando assunto, mesmo meio assuntado respondeu que
sim. Explico, o ritmo em São Paulo é tão alucinante que as pessoas mal olham
para esses trabalhadores de serviços, como ele mesmo mencionou mais adiante na
conversa, “...ninguém fala com a gente, é como se nós não existíssemos para os
clientes”. Joilson aos poucos foi perdendo a timidez e respondendo minhas
perguntas, falou que é filho de uma família muito humilde, alagoano, que chegou
há um ano em São Paulo e que estava muito cansado, pois o trabalho ali é
puxado. Falou um pouco das poucas oportunidades em sua cidade natal e que sonha
em ter uma vida melhor. Também falou muito sobre querer ajudar seus pais, por
esse motivo estava ali e iria batalhar bastante por seus objetivos.
Joilson, também fez um comentário, eu diria, inusitado:
“...paulista que trabalha em um local como esse ou é doido ou burro, essa
cidade tem tudo para você crescer e só não cresce aqui quem não quer.”
Mencionava pessoas que nasceram em São Paulo. Era como se nossa conversa
tivesse dado um ânimo a mais no final do expediente, e dessa forma animado,
comentou que estava terminando os estudos e que iria em breve mudar de vida.
Fizemos um acordo que ele somente iria trabalhar ali por mais 2 anos, no
máximo, que eu o procuraria após os dois anos para saber se ele cumpriu a parte
dele no acordo, que é passar em um concurso. A minha parte do acordo era pagar
o almoço para comemorar sua aprovação.
Faça 2015 valer a pena. Que esse seja seu ano da
virada, lute arduamente por seus sonhos, estabeleça metas para a mudança da sua
vida e tenha em mente duas coisas: 01 – somente você pode mudar seu futuro, não
espere que ninguém faça isso por você. 02 – estude, pois somente o conhecimento
lhe abrirá portas e é também a única coisa que ninguém pode tirar de
você.
Façamos um acordo também: mude de vida em 2015,
(sua parte). Pagar o almoço para comemorar sua vitória em 2016 (minha parte).
Erasmo Gomes