sábado, 7 de fevereiro de 2015

POR QUE O CACHORRO ENTRA NA IGREJA?

Foi-se o tempo em que o maior problema da beira-mar de Camocim eram os ensurdecedores paredões de som. Essa batalha foi mais ou menos vencida a partir do momento que as autoridades decidiram agir. Aqui, acolá, ainda surge um acéfalo que peita a lei, mas se houver denúncia, em pouco tempo o silêncio volta a reinar. 
O problema maior agora, e que vem crescendo a cada dia, é a "invasão dos zumbis", pessoas que já entregaram o "couro às varas", ao sucumbirem às drogas, mais especificamente ao crack, que veio ao mundo para tirar muita gente dele. E está cumprindo sua missão. 
Esses viciados se misturam às pessoas que saem para um lazer sadio com a família ou amigos, e quando acham uma "presa" fácil, ameaçam, extorquem, tudo em nome do crack. Ninguém consegue mais ter sossego no calçadão da orla de Camocim. É impossível embalar um diálogo se 3 minutos sem que uma abordagem seja feita. Os "zumbis" são reconhecidos por terem sempre mãos geladas, ponta dos dedos queimadas, um olhar perdido, corpos raquíticos, sempre prontos para atacar se escutarem um "não". A dependência química atiça a agressividade humana.   
Não há segurança fixa na área, mesmo quando a concentração de pessoas é alta. As autoridades do setor, no intuito de "inovar", aboliram há tempos o policiamento a pé. Ela é feita a partir de viaturas, que realizam rondas esporádicas, como se as pessoas, todas elas, também estivessem trafegando sempre em seus veículos. Com isso, é aquela história do cachorro  que entra na igreja. Entra porque encontra a porta aberta. Sem ter pra quem pedir socorro, o único jeito é tentar não virar alvo de um zumbi em abstinência, pois esse é o mais perigoso. Ele é fácil de ser reconhecido: sempre surge tremendo da cabeça aos pés. É óbvio que o problema da droga é de saúde pública, mas a falta de prevenção e combate, transforma o fato em caso de polícia. 
Postado por Tadeu Nogueira às 09:15h