segunda-feira, 7 de março de 2016

BRASIL SERÁ DENUNCIADO PELA ONU POR NÃO PUNIR POLICIAIS QUE MATAM

A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciará nesta terça-feira, dia 8, a impunidade que predomina nos crimes cometidos pela polícia e por agentes de segurança no Brasil.
Em informe que será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos do órgão, o relator Juan Mendez alertará que os homicídios de autoria de forças de ordem são "ocorrências regulares".
"Os casos de agentes de segurança que cometem abusos contra prisioneiros ou detidos não são investigados de maneira significativa e tais autores raramente são levados à Justiça", diz Mendez. "Nenhum mecanismo independente de investigação existe para impedir que esses casos sejam arquivados."
Mendez deixa claro que os casos de crimes cometidos pela polícia não são pontuais, mas sim "regulares". Usando dados nacionais, a ONU indica que, em média, seis pessoas morreram por dia no Brasil em 2013 em operações policiais.
"Na vasta maioria dos casos de uso excessivo de força, a polícia indica resistência à prisão seguida por morte, o que evita levar os autores diante de uma corte", diz.
De acordo com a ONU, em 220 investigações, somente uma delas resultou em condenação. Por isso, a organização pede o fim da classificação de "autos de resistência".
Mendez destaca que a taxa de mortes nas prisões é "muita alta". Com base em dados do Infopen, sistema de informações estatísticas das penitenciárias, o relator aponta que foram registradas, na primeira metade de 2014, 545 mortes - sendo cerca de metade intencional -, o que resulta em uma taxa de 167,5 para cada 100 mil pessoas por ano.
O informe também ataca a situação das prisões brasileiras. "As condições de detenção são equivalentes a um tratamento cruel, desumano e degradante", diz o relator.
Mendez cita como exemplo a visita que fez à Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão. "As unidades estão superlotadas e prisioneiros ficam de 22 a 23 horas por dia fechados em suas celas. Visitas ocorrem em condições humilhantes."
Segundo a ONU, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, com 711 mil pessoas. Há 30 anos eram 60 mil. Mendez pede que o governo brasileiro foque em reduzir a população carcerária.
Postado por Tadeu Nogueira às 13:35h
Com informações da Revista Exame