Os números refletem o tabu que cerca o tema e expõe de forma visceral um escancarado incentivo à impunidade que segue colocando em situação de desamparo, crianças e adolescentes de Camocim, sobretudo as oriundas de famílias que vivem em extrema vulnerabilidade social.
Fala-se facilmente de homicídio e tráfico na cidade, porém, tudo muda de figura quando o assunto envolve estupro de vulneráveis e pedofilia.
De acordo com o Conselho Tutelar de Camocim, das 28 denúncias recebidas entre janeiro de 2016 e julho de 2018, 23 foram encaminhados à justiça. As vítimas são crianças de 5 a 12 anos (16 casos) e adolescentes entre 12 e 16 anos (12 casos).
Ainda segundo o Conselho Tutelar, os 23 casos levados à justiça resultaram, após 2 anos, em apenas duas prisões, ou seja, uma por ano. Do restante, 15 casos seguem tramitando e outros 5 ainda estão na naftalina, nas gavetas da sucateada Delegacia Regional de Polícia Civil. Não há um sinal de fumaça sequer sobre alguma força-tarefa ou mutirão para zerar essa dívida com esses meninos e meninas de Camocim.
Em meio a uma morosidade que estimula a reincidência, vítimas seguem traumatizadas e sofrendo possíveis novos abusos. Por outro lado, abusadores e pedófilos continuam praticando seus crimes, certos de que jamais serão presos. E o silêncio continua.
Postado por Tadeu Nogueira às 12:34h