Para muitas pessoas que se infectam com o novo coronavírus (Sars-CoV-2), o sumiço do agente infeccioso da circulação não representa necessariamente o fim dos problemas.
Vários sintomas podem persistir ou até mesmo dar as caras após a recuperação da Covid-19. Um deles é a perda de cabelo.
A médica Ana Carina Junqueira, tricologista à frente do IBEMC – Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisa em Medicina Capilar, conta que a perda dos fios atinge aproximadamente um terço dos indivíduos que receberam o diagnóstico de Covid-19. “E ela tem ocorrido após quadros graves, leves ou mesmo assintomáticos”, revela.
De acordo com Ana Carina, a hipótese mais aceita até o momento é que a infecção pelo novo coronavírus desencadeia um distúrbio chamado eflúvio telógeno, no qual os fios que estão crescendo passam para a fase da queda precocemente.
Leila nota ainda que, quanto mais intensa a febre apresentada pelo paciente, pior para as madeixas. Nesse contexto, há aumento na liberação de algumas substâncias ligadas à inflamação. Ainda não dá para cravar em qual sexo a queda é mais intensa.
Ela não descarta também a possibilidade alguns medicamentos utilizados no tratamento da Covid-19 contribuírem para a queda. Novos estudos, já em andamento, devem ajudar a elucidar o quadro.
Tem solução para esse sintoma do coronavírus?
Em primeiro lugar, é importante frisar que o tal eflúvio telógeno é temporário – só que é preciso ter paciência. “O fio é recuperado, mas com um atraso de três a seis meses”, avisa Leila.
Enquanto isso, nada de relaxar na lavagem do cabelo – por mais que ele caía durante a limpeza. “A orientação é lavar todo dia e usar xampu de controle de oleosidade. Assim, há diminuição da inflamação do couro cabeludo”, ensina a dermatologista.
Leila ressalta ainda que muitos pacientes que tiveram a Covid-19 citam uma sensibilidade aumentada no couro cabeludo, conhecida como tricodínia. “E há xampus específicos para esses casos”, nota.
Por essas e outras, ao perceber alterações nos fios, o ideal mesmo é buscar um especialista no assunto.
Ele vai ele vai se certificar de que não há outra disfunção capilar envolvida ou qualquer fator capaz de agravar esse distúrbio do ciclo. Assim, evita-se uma queda maior e mais duradoura.
“E há tratamentos para ajudar o cabelo a crescer mais rápido. Podemos indicar loções, xampus, vitaminas, nutracêuticos e até medicamentos”, acrescenta Leila.
Por Tadeu Nogueira
Fonte: Saúde Abril