"Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro." Mateus 6: 24
A relação do homem com o dinheiro é complicada, mas não deveria ser.
Quando ouço alguém reclamar que ganha pouco, costumo repetir: não importa o quanto você ganha, importa o quanto você gasta. Afinal, não adianta você ganhar 30 mil reais por mês se quiser gastar 35. Do modo inverso, muitos conseguem viver, e até fazer alguma poupança, ganhando um ou menos de salário mínimo.
Como pode ser isso?
O budismo, uma das principais religiões no mundo, defende que o DESAPEGO é um ensinamento fundamental; e que seu oposto, o apego, seria causador de graves problemas. Nesse sentido, quanto menos você DESEJAR (trocar de carro, um celular novo, uma roupa de marca, aquela festa “imperdível”), mais estaria livre dos sofrimentos deste mundo.
Desapegar-se, neste caso, não seria sinônimo de indiferença para com a vida, mas de libertação dos prazeres materiais (tentações?) deste mundo. Só assim poderemos compreender que as verdadeiras conquistas da vida estão em situações que não podem ser compradas: o nascimento de um filho, o abraço de um pai, cuidar de um jardim, a pescaria com o melhor amigo. E por outro ponto de vista, se você perdeu um filho, ou os pais, mora em um apartamento pequeno ou não tem muitos amigos, deixar de pensar no problema e seguir adiante com resiliência, sem desejar o que não tem, seria o caminho para a felicidade.
Em outras palavras: a ambição pelo vil metal (apego) nos ligaria à matéria deste mundo, impedindo-nos de ascender ao espiritual (imaterial?) Reino dos Céus.
Acredito que foi isso o que Jesus quis dizer ao afirmar ser difícil a um rico entrar nos céus. Afinal, se ele comeu e se confraternizou com os poderosos de seu tempo, porque os condenaria?
Aliás, já observaram que Jesus nunca condenou ninguém? Nem a mulher adúltera, nem o ladrão que morreu ao seu lado, nem os poderosos que o procuraram. Religiosos que falam em inferno eterno parecem mais interessados no medo e no dízimo de seus fiéis do que no ensinamento Cristão (mas esse é assunto para outro artigo).
Por isso, a questão aqui não é condenar o trabalho ou a riqueza, mas o uso que se faz dela. Há ricos que ajudam seus funcionários, suas famílias, vizinhos, doam para causas sociais… assim como há pobres incapazes de oferecer um copo d’água sem esperar algo em troca.
Em Mateus, Jesus é procurado por um homem que cumpria todos os mandamentos e queria saber o que ainda faltava para ser aceito por Deus. “Jesus disse a ele: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’. Ao ouvir essa palavra, o jovem afastou-se pesaroso, pois era dono de muitas riquezas.” (Mateus 19: 21,22)
Se você é crente na Teologia da Prosperidade e crê que, ao contrário do que estou dizendo aqui, a riqueza na terra é fruto da vontade de Deus, cito então outra passagem, do Apocalipse (Revelação):
“E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua fornicação, e os reis da terra fornicaram com ela; E OS MERCADORES DA TERRA SE ENRIQUECERAM COM A ABUND NCIA DE SUAS DELÍCIAS.” Apocalipse 18:1-3. “E sobre ela [Babilônia caída] CHORAM E LAMENTAM OS MERCADORES DA TERRA; porque ninguém mais compra as suas mercadorias.” Apocalipse 18:11.
*Freelancer, escritor e microempresário. Graduado em Publicidade (2012) e Jornalismo (2020).