sábado, 25 de dezembro de 2021

" NATAL DE LUZ", POR AVELAR SANTOS

E o Verbo divino se fez carne e habitou entre nós!

Hosana nas alturas!
Naquela noite fria, em Belém Efrata, um casal procura insistentemente por um abrigo!
A mulher está grávida, próxima de dar à luz, todavia, apesar do cansaço, do desconforto, seu rosto irradia paz.

Depois de baterem, nas hospedarias, sem que nenhuma delas os acolhesse, eis que, trilhando por um caminho mais afastado da aldeia, encontram uma pequena gruta, usada como estábulo, desde tempos ancestrais, onde, finalmente, podem descansar da longa jornada.

Maria está exausta! E o marido, solícito, prepara, depressa, uma cama macia de palha de feno para que ela possa repousar um pouco.

Ao lado deles, os animais estão estranhamente quietos, como se soubessem do milagre que vai acontecer.

Não demora muito e o choro forte de um recém-nascido se faz ouvir, acordando as estrelas, que, silenciosas, tecendo preces de louvor ao Onipotente, observam aquela cena grandiosa, enquanto um cometa risca o céu, de leste a oeste, clareando a escuridão, anunciando, aos homens de boa vontade, o nascimento do Menino-Deus.

E a chegada desse pequenino, prevista há séculos, nas Escrituras Sagradas, assim fora profetizada por Isaías: ‘‘Um galho surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um ramo - e o Espírito do Senhor repousará sobre ele.”

Com os corações cheios de alegria, os pais rejubilam-se, ainda mais, quando veem serafins e querubins, circundados por alguns pastores, que, avistando o sinal celestial, dirigiram-se rapidamente até ali, renderem solene adoração ao Filho dileto do Pai, que dorme, nesse momento, numa simples manjedoura.

E o Renovo justo, do qual fala Jeremias, reinará com justiça e sabedoria, espalhando, ao vento, a boa semente da paz, trazendo, nas mãozinhas, que se agitam, febricitantes, a flor da esperança, cinzelada no cetro real da Divindade, espargindo bênçãos sem fim sobre a humanidade inteira, embora, saiba, desde sempre, que muitos de nós deixarão de ouvir seu chamado de amor.

É tempo de Natal!
É tempo de endireitar-se as veredas, de seguirmos adiante pela trilha estreita!
É tempo de perdão!

É tempo de alargarmos os horizontes da generosidade, que brota da parte melhor do solo do coração, impelindo-nos a acolher, com solicitude, o andarilho maltrapilho, que, na sua pobreza, bate à nossa porta, por vezes, alta madrugada!

É tempo de sairmos do casulo do egoísmo, que nos sufoca, de deixarmos a comodidade da fogueira, que aquece sem brilho a vaidade, que nos aprisiona, fazendo-nos reféns de nós mesmos, não nos permitindo jamais escutar o lancinante grito de angústia daqueles que nos procuram almejando um simples pedaço de pão.

É tempo de estreitar-se velhas amizades!
É tempo de reverenciarmos a família!
É tempo de gratidão!!

É tempo de buscarmos as coisas do Alto, de vestirmos com aprumo o hábito de Francisco, de compreendermos sua visão de mundo, de sermos tocados, por seu exemplo de vida, de aceitarmos sua fé arrebatadora no Crucificado!

É tempo de Natal!

Avelar Santos (Professor e Escritor)