Assistimos recentemente a mais uma mostra do despreparo intelectual do Presidente da República, mas isso não é novidade. O que mais chamou a atenção no episódio de vergonha alheia do presidente junto aos embaixadores estrangeiros, ao meu ver, foi a falta de manejo político. Quem foi que disse pra ele que aquela história ia cair bem?
Relembrando, Bolsonaro convidou representantes de países estrangeiros para assistirem a uma “palestra” sobre a falta de confiança na urna eletrônica brasileira. Sim, o Presidente da República do Brasil convocou uma reunião com autoridades internacionais para dizer, sem apresentar provas, que em nosso país as eleições não são confiáveis.
Se isso não é crime de traição à pátria, não sei mais o que pode ser.
A falta de senso do ex-capitão, que foi expulso do Exército por plantar bombas nos quartéis e dar entrevistas sem a autorização de seus superiores, se explica por uma razão: ele não falou ali para os convidados, mas para seus eleitores, que assistiam tudo através da TV Brasil (financiada pelo governo) e da internet.
Ele mais uma vez mostra que, quando perder a eleição em outubro (no primeiro ou no segundo turno), vai dizer que houve fraude e que não aceita o resultado.
Mimimi, mimimi, mimimi…
Apesar da estratégia parecer acertada (buscar respaldo internacional), o amadorismo foi muito grande. A começar pelos erros de escrita em inglês (não tinha ninguém lá para revisar?) mas, também, pela falta de estratégia sobre o dia depois: o que poderia vir de bom para ele após aquela reunião?
Se você acha que a imprensa está exagerando, que o coitadinho do Presidente só está querendo o melhor para o País, entenda o seguinte: esse golpe que ele está querendo dar vai prejudicar não só VOCÊ, mas todo mundo. Quem votou nele, quem votou no Lula, quem votou no Ciro, quem votou em branco… enfim, todos nós brasileiros.
Os Estados Unidos são conhecidos por interferirem na política de outros países e por não terem simpatia pela esquerda. Então, qual a razão deles se posicionarem tão fortemente contra o presidente brasileiro, inclusive defendendo que a nossa urna eletrônica é modelo para todo o mundo?
Primeiro, porque essa informação é verdade. Não há registro de fraude desde que elas começaram a serem usadas no Brasil em 1996. Por ela foram eleitos FHC, Lula, Bolsonaro, governadores como Tasso Jereissati, no Ceará, João Dória, em São Paulo, e prefeitos como Chico Vaulino e Monica Aguiar em Camocim. Ou seja, políticos de lados diferentes foram eleitos pela urna eletrônica. E claro, o próprio Presidente e seus três filhos.
Enquanto eles estavam ganhando a urna prestava. Mas agora, que tudo indica que vão perder, dizem que não presta.
Em segundo lugar, a posição do governo dos Estados Unidos em defender as urnas brasileiras é preocupação com a desestabilização do nosso País. ELES NÃO QUEREM QUE O BRASIL SE TORNE A PRÓXIMA VENEZUELA, um país que, com apoio das armas dos militares, rompeu com a Democracia e instalou um regime presidencial que não perde.
A pobreza na Venezuela, um país com grandes reservas petrolíferas, é tão grande que resultou no maior êxodo de pessoas em nosso continente em busca de melhores condições de vida. Nem precisa ir longe para comprovar: ali em Fortaleza, você vê nos semáforos venezuelanos pedindo esmola.
É isso que acontece quando um país é desestabilizado: a moeda cai, os países ao redor do mundo decidem não comprar mais da gente, há combate e violência nas ruas entre apoiadores de ambos os lados. O preço dos alimentos e o desemprego sobem, projetos importantes para o País, de médio e longo prazo, são interrompidos.
Para o Brasil voltar a crescer precisamos de estabilidade política e confiança nas instituições - tudo que o atual presidente é incapaz de oferecer. Porque ele só sabe brigar, lutar contra as vacinas e as máscaras, dizer que tá tudo errado, quando deveria estar buscando dar trabalho ao povo.
Num país com tanta fome, desemprego e violência, o Presidente só fala no STF, na esquerda, no “meu exército”, quando, na verdade, seu maior inimigo é sua própria incompetência.
Por isso, no dia 02 de outubro, desejo que esse canalha retorne para a lixeira de onde ele e seus filhos saíram.
*É jornalista e publicitário.