Não há de ser por acaso que vez ou outra um caracol me cruze o caminho.
O fato é que, toda vez que nos encontramos, paro um tempo a lhe observar.
Não há como apressar um caracol. Um caracol tem o seu próprio ritmo. Não me parece que ele se preocupe em acelerar “o passo”.
Fico a imaginar que um caracol reconhece o seu tempo de ser e contempla a viagem.
Já viu que ele carrega a própria casa nas costas? A sua história está ali, o seu lar é ele mesmo.
O quanto deve pesar o peso de uma casa de caracol?
Por vezes, ao se sentir ameaçado, faz da concha-lar o seu esconderijo.
Um caracol se volta para si para se proteger, mas não fica dentro da concha para sempre.
Ele para e volta a se mover.
Parece chegar e partir de muitos lugares ao respeitar o próprio tempo.
Não há de ser por acaso.
Vitória Nogueira é Psicóloga e Artesã