O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) lamentou o falecimento, aos 97 anos de idade, da Camocinense Guiomar Cordeiro de Oliveira, ocorrido na manhã desse domingo (27).
Em nota, o PCdoB lembrou que Dona Guiomar era filha de Pedro Rufino, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil no Ceará, na década de 20, tendo sido eleito vereador de Camocim em 1948. Por esse e outros fatos, Camocim é conhecida pelo PCdoB como "Cidade Vermelha".
Segue abaixo trechos da nota do PCdoB (texto de Andrea Oliveira)
Já mocinha, Dona Guiomar, além de acompanhar o pai Pedro Rufino nas atividades, também passou a participar dos debates. Em entrevista para o Portal Vermelho, por ocasião dos 90 anos do PCdoB, Dona Guiomar afirmou: “Gostava de conversar com ele porque sei que o que dizia era o certo. Eu fazia até discursos nos comícios, sempre seguindo o mesmo caminho do meu pai”.
Dona Guiomar casou bem jovem, aos 15 anos. Por um tempo morou em Parnaíba (PI), mas sempre com vínculos em Camocim. Após oito anos, voltou para a cidade natal e começa a atuar na defesa dos direitos das mulheres. Uma das pioneiras na luta em defesa dos direitos da mulher.
“Fui presidente da União Feminina de Camocim. Realizávamos reuniões aos domingos para discutir as necessidades das mulheres da região. Nossa sede era bem movimentada e a participação empolgava. Muitas vezes vim a Fortaleza para representar a entidade nos encontros da capital”. Dentre as demandas, leite para as crianças carentes e melhoria das escolas. “A gente também se integrou na campanha ‘O Petróleo é nosso’. Saíamos para colher assinaturas”, relembra.
Filiada por mais de 50 anos ao Partido Comunista, sempre saudou a memória, os ideais e o legado do pai comunista Pedro Rufino.
“A lição que ele me deixou foi de fazer o bem, defender o povo e trabalhar muito em benefício da melhoria de vida das pessoas. Meu pai deu a vida ao Partido Comunista e em defesa de sua causa e nada era mais importante para ele que as ações do Partido”.
Apesar da idade avançada, sempre fez questão de participar e acompanhar a vida política do país: “Até quando puder vou continuar a luta de meu pai, na defesa dos trabalhadores, das mulheres e dos direitos do povo”.
Dona Guiomar deixa um legado de força e determinação, uma mulher à frente de seu tempo, comunista com fortes convicções revolucionárias, sempre fazendo questao de enfatizar a necessidade de o povo se organizar e da união de todos. “É aquele velho ditado: uma andorinha só não faz verão. Devemos atuar com união e organização, trabalhando pela defesa dos direitos das pessoas e sempre com um olhar voltado para o futuro”.
Seguirá viva, porque fez-se eterna em sua luta e sua vida ousada de mulher que olhava além e inspirou várias gerações. Os comunistas e as comunistas a cobrem com a bandeira vermelha, com os olhos marejados de tristeza, mas infinitos de orgulho da vida importante de Dona Guiomar. Nossa flor vermelha de luta.
Dona Guiomar Cordeiro de Oliveira, presente, hoje e sempre!
Aos familiares nossos mais profundos sentimentos de solidariedade.