O Bureau of Justice Statistics define o assassinato em massa como aquele que tira a vida de quatro ou mais pessoas em uma única ocorrência.
Partindo dessa premissa, foi isso que Camocim, cidade de pouco mais de 64 mil habitantes, banhada pelo atlântico, vivenciou no fatídico final da madrugada deste domingo (14).
Enquanto o sono da grande maioria da população caminhava para seus minutos finais, com o sol já se preparando para despertar a partir do vasto manguezal do Rio Coreaú, saudando assim as mães Camocinenses, uma cena de terror tinha início ao lado da Capela de Nossa Senhora de Lourdes, mais precisamente nas dependências da Delegacia Regional de Polícia Civil.
Seguindo um roteiro mórbido, o Inspetor Antônio Alves Dourado matou cruelmente quatro colegas seus. Ato contínuo, gravou um vídeo no qual narra, em ritmo pausado e aparentemente tranquilo, uma espécie de "injustificável justificativa" sobre o que acabara de fazer com as próprias mãos. Logo após a gravação, feita em frente à sua residência, se entregou à Polícia Militar.
Sem entrar no mérito da motivação do quádruplo homicídio, até porque um inquérito se encarregará disso, o que se tira do fato é que uma pessoa ceifou, de forma bárbara, premeditada, a vida de outras quatro.
Nunca, em tempo algum, nos 143 anos de história da cidade, algo perto disso havia ocorrido, sobretudo dessa forma, ainda mais em um dia voltado para a importância de quem gera a vida.
Acredite, Camocim "morreu" um pouco neste 14 de maio de 2023.
Com as perdas de Miranda, "Chicão", Cláudio e Gabriel, vítimas dessa chacina, um "cristal" se quebrou.
O grau de violência aplicado ao ato não condiz com a mansidão da "princesa do mar". O choque do que houve entre as paredes de um ambiente de trabalho refletiu em cada mãe que esperava luz, e não trevas, no seu grande dia.
O escuro dessa madrugada será eterno nos corações das genitoras de todos os envolvidos.
Se formos analisar com a devida prudência, ninguém saiu incólume do que houve. De alguma forma, você, que está lendo agora, foi afetado. Com exceção, pelo jeito, de uma mente apenas, todas as outras estão e ficarão por muito tempo abaladas.
Por Tadeu Nogueira