Circulação de veículos motorizados na praia, lixo jogado nas ruas, som alto, retirada de animais marinhos do ecossistema como souvenir e a construção de estabelecimentos de grande porte e com impactos ambientais consideráveis.
Estes são apenas uma amostra dos problemas que vêm tirando o sono do grupo Unidos por Jeri, formado por moradores e empresários do lugar que foi escolhido neste ano como o 10º melhor destino turístico do Brasil, à frente de medalhões como Rio de Janeiro, Balneário Camboriú (SC) e Salvador (BA)
“O que queremos na Vila de Jeri é organização e transparência. Todo empreendimento que venha para ajudar a vila, que seja feito de maneira correta e que não atinja e danifique nossa natureza será bem-vindo”, destaca Ana Joyce Alves, de 28 anos.
A jovem faz parte da diretoria do conselho comunitário da região que organizou na tarde desse sábado, 22, uma caminhada em Jericoacoara para reivindicar da prefeitura e do governo do Estado ações mais enérgicas. O grupo fez apresentações artísticas e portava faixas e cartazes para chamar a atenção de quem estava na praia, cheia por causa da alta estação.
“Não temos partidos políticos, não somos contra nenhuma empresa e nem somos um movimento para intervir nas construções e deixar pessoas sem empregos”, explica. “Estamos perdendo cada vez mais nossas belezas. O vento para o esporte já é bem pouco e a duna do pôr do sol já se foi. O que mais vamos perder?”.
Lindbergh Martins (PSD), prefeito de Jijoca de Jericoacoara, estava presente no local e disse que na segunda-feira, 24, seria feita uma reunião com secretários, empresários e moradores sobre a lista de reivindicações apresentada na ocasião.
“Há uma série de problemas que precisam da colaboração de todos, como por exemplo, a questão dos resíduos sólidos, principalmente os entulhos de construção civil produzidos pelos estabelecimentos comerciais, que é um problema maior do que o lixo doméstico, já que demanda que o próprio gerador providencie o recolhimento e isso não tem acontecido da forma que tem que ser”, enumera.
“Sobre os empreendimentos de grande porte que estão se instalando na região, todos têm as devidas licenças ambientais estaduais, emitidas com base em avaliações rigorosas. Não é do nosso interesse ter o desenvolvimento na região que não venha acompanhado da preservação ambiental”, ressalta.
O gestor lembrou que algumas demandas elencadas pela população precisam ainda de uma longa discussão, dada a dificuldade de se encontrar um denominador comum.
“É o caso do chamado ‘trânsito zero’, por exemplo. Como vamos restringir o trânsito de veículos? Só de carros licenciados para o transporte de turistas, são 3 mil . E os moradores que possuem veículos, como ficam? É preciso mais diálogo, e nos colocamos à disposição”, afirma.
Por Tadeu Nogueira
Fonte: Jornal O Povo