Sem nenhum esclarecimento sobre a situação específica de Camocim, que já registra 29 homicídios em 2023, alcançando uma média inédita de quase 4 por mês, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado do Ceará segue seu trabalho.
É como se tudo estivesse transcorrendo normalmente em Camocim. E não está.
Na sexta-feira (11) à tarde, uma movimentação de viaturas chamou a atenção do público na Avenida Beira-Mar. O que menos se pensou é que fosse a "concentração", em plena orla, de uma operação policial, se alguém estava planejando fazer algo errado naquele dia, adiou.
Mais tarde, quando as dezenas de viaturas foram vistas em "desfile", veio a informação de que se tratava da “Operação Escudo Norte”, deflagrada pelo 3º Comando Regional Policial Militar (3º CRPM), nos municípios de Sobral, Forquilha, Tianguá, São Benedito, Camocim, Canindé, Boa Viagem, Capistrano e Aracoiaba, Crateús, Itapipipoca, Amontada, Itarema, Itapajé e Pentecoste, como forma de prevenir crimes.
No caso de Camocim, a prevenção está vindo tarde. Os crimes estão ocorrendo sem trégua há meses. A operação, que deve durar até o dia 20 de agosto, já teve como efeito, só que contrário, menos de 24 horas depois, o 29º homicídio do ano, com um idoso sendo morto a pauladas no Bairro Apossados e uma tentativa de homicídio a bala na localidade de Tucuns.
Camocim está necessitando de um "escudo" constante e não de um temporário. E recurso para isso o Governador Elmano tem de sobra, porém, prefere seguir apostando na velha tática do poder midiático de ações pontuais. É uma afronta à inteligência até daquele mais desprovido de neurônios.
Camocim não tem "escudo" nem de uma delegacia. Já são exatos 90 dias sem uma. Nem mesmos os "caixotes" enviados por Elmano como solução paliativa estão funcionando ainda. Isso tudo serve de combustível para a sensação de impunidade por parte de quem comete o crime e de insegurança para as potenciais vítimas.
A verdade, que por vezes é negligenciada, é que Camocim é uma nau sem rumo no quesito segurança pública. O Estado está atuando nessa área apenas como agente arrecadador de impostos. O retorno tem sido pífio.
Por Tadeu Nogueira