Altos níveis de biomarcadores do metabolismo como carboidratos, glicose, triglicerídeos e lipídeos estão associados ao risco futuro de depressão, ansiedade e transtornos relacionados ao estresse, segundo resultados de um estudo publicado, nesta semana, no periódico JAMA Network Open.
Pesquisadores do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, analisaram cerca de 200.00 participantes e concluíram que, levando-se em conta esses indicadores, 16.256 foram diagnosticados com essas doenças, durante um acompanhamento médio de 21 anos.
O próximo passo foi testar fatores que poderiam, porventura, influenciar esse achado. Os cientistas descobriram então, que os resultados não se alteravam significativamente entre os pacientes do sexo masculino e feminino; mas variavam de acordo com o status socioeconômico.
Os participantes com taxas de incidência mais baixas de transtornos psiquiátricos foram observados entre aqueles com maior posição socioeconômica. A análise também revelou uma correlação entre os níveis de biomarcadores metabólicos e os riscos de saúde psiquiátrica.
Os níveis elevados de glicose e triglicerídeos aumentaram significativamente o risco de transtornos dessa natureza, enquanto níveis mais altos de colesterol “bom” (HDL) ofereceram um efeito protetor.
Já existem evidências que sugerem uma ligação entre essas condições psiquiátricas e a desregulação metabólica, como anormalidades lipídicas e glicêmicas. No entanto, as pesquisas existentes sobre biomarcadores metabólicos e sua associação com transtornos mentais têm sido inconsistentes, muitas vezes limitadas, por questões metodológicas como curtos períodos de acompanhamento e dependência de medidas autodeclaradas de depressão, principalmente em adultos mais velhos.
Assim, para os autores, os resultados obtidos acrescentam mais evidências da associação entre a saúde cardiometabólica e transtornos psiquiátricos. Contudo, seria necessário um acompanhamento mais minucioso de indivíduos com disfunções metabólicas para prevenção e diagnóstico precoce de transtornos psiquiátricos, pautado em pesquisas adicionais que explorem potenciais estratégias terapêuticas.
Por Tadeu Nogueira (Com Veja)